Caracas condena ajuda humanitária “hipócrita” oferecida pelos EUA

“As sanções dos Estados Unidos são manobras políticas para continuar a escalada contra a Venezuela", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano.

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Em Agosto, os Estados Unidos impuseram sanções financeiras contra o regime de Nicolás Maduro LUSA/PRESS MIRAFLORES HANDOUT

O Governo venezuelano condenou na sexta-feira a resolução aprovada por uma comissão do Congresso dos Estados Unidos para dar assistência humanitária à Venezuela, dizendo que se trata de uma ajuda "hipócrita".

"É um acto de hipocrisia dos sectores mais extremistas, inclusive vinculados às máfias que fugiram de Cuba quando a revolução cubana se impôs", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela. Em declarações aos jornalistas, Jorge Arreaza defendeu que a resolução é uma manobra para continuar a aprofundar "a ingerência" nos assuntos venezuelanos.

"Se alguma medida faz dano à Venezuela são as sanções unilaterais, coercivas. Essas são as medidas que prejudicam, que podem gerar uma crise (…) As sanções dos Estados Unidos são manobras políticas para continuar a escalada contra a Venezuela", disse.

Arreaza confirmou também que em Novembro chegará à Venezuela Alfred de Zayas, um perito independente da ONU, especializado na promoção de uma “ordem internacional, democrática, equitativa".

O ministro disse ainda que 63 países assinaram uma declaração de apoio à soberania venezuelana, que inclui a "condenação às agressões dos Estados Unidos e às suas intenções de promover uma intervenção na Venezuela".

Segundo Jorge Arreaza, entre os países que assinaram a declaração estão "Cuba, China, Rússia, Bolívia, Nicarágua, Argélia, Irão, Egipto, Índia, Angola, Etiópia, Jordânia, El Salvador, Antígua e Barbuda, Equador e África do Sul".

Na quinta-feira a Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Representantes dos Estados Unidos aprovou um projecto de lei para formalizar o envio de ajuda humanitária para a Venezuela.

O projecto de lei foi apresentado pelo democrata Eliot Engel e prevê que o Departamento de Estado trabalhe com organizações não governamentais para, no prazo de 90 dias, definir um plano para enviar alimentos, medicamentos e assistência técnica para a Venezuela.

O texto do documento, que deverá agora ser submetido ao voto da Câmara de Representantes em pleno, admite a possibilidade de o Governo venezuelano continuar a opor-se à ajuda humanitária internacional e determina que, se o Presidente Nicolás Maduro se opuser, os Estados Unidos deverão procurar votos na ONU para emitir uma resolução, que obrigue a Venezuela a receber e a distribuir a ajuda.

O projecto de lei foi aprovado depois de Washington impor restrições migratórias contra funcionários do Governo do Presidente Nicolás Maduro e cidadãos venezuelanos.

Em Agosto, os Estados Unidos impuseram sanções financeiras contra Caracas, que incluíram a proibição de negociar com os títulos da Venezuela e com a empresa estatal Petróleos da Venezuela, SA.

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