Erdogan diz que líderes curdos do Iraque vão pagar pelo referendo à independência

Governo de Ancara cortou relações com as autoridades do governo regional curdo. Turquia, Iraque e Irão organizam-se para dar uma resposta conjunta a Barzani.

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Recep Erdogan MURAD SEZER/Reuters

O Presidente da Turquia, Recep Erdogan, disse que as autoridades curdas do Iraque vão "pagar um preço" por terem realizado um referendo sobre a independência do território, apesar da oposição dos países vizinhos. 

Os curdos do Iraque apoiaram por esmagadora maioria a independência no referendo não vinculativo de 25 de Setembro. Desafiaram os países da região que receiam  instabilidade, ou mais violência, nos seus territórios onde vivem grandes comunidades curdas. O Curdistão histórico espalha-se pelo Iraque, Irão, Síria e Turquia.

"Eles não estão a formar um estado independente, estão a abrir uma ferida regional onde podem espetar a faca", disse Erdogan a membros do seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento na cidade de  Erzurum.

Erdogan criou fortes laços comerciais com as autoridades curdas do Norte do Iraque, que despeja diariamente centenas de milhares de barris de petróleo na Turquia e que se destinam a ser distribuídos pelo mundo inteiro.

“Não lamentamos o que fizemos no passado" - disse Erdogan -, "mas as condições mudaram e o governo regional curdo, a quem demos o nosso apoio, tomou decisões contra nós e deve pagar o preço."

O Governo já ameaçou o Curdistão iraquiano com sanções e disse que pode cortar-lhe o acesso aos mercados internacionais. Já realizou exercícios militares conjuntos com o Iraque na fronteira. Nas vésperas do referendo, estacionou um contingente militar reforçado junto à fronteira.

Porém, depois de o Presidente turco ter dito que os curdos iraquianos iriam passar fome se Ancara travasse o fluxo de camiões com alimentos, corrigiu explicando que não iria penalizar os civis. O preço pelo referendo, disse, vai sim se pago pelos que o organizaram. 

O Ministério da Defesa do Iraque disse na sexta-feira que planeia assumir o controlo da fronteira da região autónoma do Curdistão em coordenação com o Irão e a Turquia. O primeiro-ministro turco, Bin Yildirim, disse este sábado que Ancara corta relações com o governo regional em Erbil. O parlamento iraquiano sugeriu que o Governo central assuma o controlo dos poços de petróleo geridos pelo governo regional, chefiado por Massoud Barzani. Bagdad já tinha fechado o espaço aéreo curdo em retaliação.

"A partir de agora, a nossa relação com a região passa a ser conduzida pelo governo central em Bagdad", disse. "O Iraque, Irão e Turquia vão trabalhar para garantir que o jogo que ali está a ser jogado não vinga."

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