Pizarro: “Em momento nenhum nos resignaremos a ser derrotados por procuração de outros”

Candidato socialista teve o apoio de duas centenas e meia de cidadãos independentes do Porto com quem jantou nesta quinta-feira.

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Durante a tarde, Manuel Pizarro fez campanha pelas ruas do Porto Paulo Pimenta

O candidato socialista à Câmara do Porto, Manuel Pizarro, recebeu esta quinta-feira o apoio de mais de duas centenas de cidadãos independentes que o consideram como “o mais bem preparado para vencer as eleições autárquicas no Porto no domingo”.

Num jantar, no salão nobre do Ateneu Comercial do Porto, em que participaram cerca de 250 pessoas, Manuel Pizarro disse que não há vencedores antecipados porque “quem manda no Porto é o povo do Porto”.

Num discurso recheado de recados para o independente Rui Moreira, o seu principal adversário na corrida à Câmara do Porto, o candidato e vereador do PS declarou que “em momento algum” se resignará a ser derrotado “por procuração”. “Nós nunca assumiremos a atitude de quem se acha vencedor antecipado, mas nunca em momento nenhum nos resignaremos a ser derrotados por procuração de outros”, afirmou, recebendo uma sonora salvas de palmas.

Sensibilizado com apoio de tantas “personalidades livres” da cidade, Pizarro puxou pela auto-estima local, dizendo que “Portugal deve o seu nome ao Porto. Portugal precisa muito do Porto, da voz do Porto, da atitude do Porto, da liberdade do Porto, desta cidade que nunca cedeu perante nada. É isto que acho que também está em causa nestas eleições”.

Sublinhando que as eleições de domingo estão transformadas “num combate politico sério quando parecia uma coisa decidida à partida”, o candidato aludiu às difíceis circunstâncias em que a sua candidatura foi lançada – sem, contudo, se referir à decisão de Rui Moreira de romper o acordo com o PS –, revelando que fez aquilo que devia ser feito: apresentar um “projecto político sério, um conjunto de protagonistas extraordinários”.

Depois aproveitou para zurzir naqueles que “responsabilizam os partidos pelo divórcio entre os cidadãos e os políticos”. “Nós não devemos ter um discurso lamentativo perante o divórcio entre os cidadãos e a política, esse discurso lamentativo que se limita a culpar os partidos pelo divórcio entre os cidadãos e os políticos é uma hipocrisia, e é sobretudo uma hipocrisia quando é feito por um candidato e por uma candidatura que está enxameada de um determinado partido que é ocultado, e cuja líder vem ao Porto e não é recebida pelo candidato desse movimento independente”, disse numa alusão à visita que a líder o CDS, Assunção Cristas, fez ao Porto na semana passada e que previa um encontro com Rui Moreira.

Seguiu-se mais uma farpa para Moreira: “Não temos nenhuma atitude de crispação, nós não nos zangámos com ninguém que nos tenha apoiado em 2013 e tenha deixado de nos apoiar em 2017. É verdade que não conhecemos ninguém nessas circunstâncias, mas ainda que conhecemos não nos zangaríamos porque o respeito pela liberdade vale mais do que tudo o resto”.

Na parte final do discurso, Manuel Pizarro apelou à participação activa nos próximos dias. “Vejo nos vossos olhos que é isso que vai acontecer”, frisando que “estas eleições “vão mesmo ser decididas pelo povo do Porto no próximo domingo”.

A grande surpresa da noite foi, porém, a intervenção do social-democrata e antigo presidente da ANJE João Rafael Kouller, que arrasou o presidente da Câmara do Porto. Começou assim: “Eu nunca assisti a um mandato em que houvesse uma discrepância tão grande entre aquilo que se prometeu e aquilo que se fez”.

Ex-presidente da ANJE arrasa Moreira

Recusando falar dos “disparates que foram cometidos, alguns dos quais no início do mandato (…) pelo autarca independente, João Kouller disse que o actual presidente da Câmara foi aquele que “mais trapalhadas cometeu” e que foi “mais incompetente”. Mas não se ficou por aqui.

”Eu, e todos nós que pagamos impostos pesados, esperava que fossemos tocados de uma forma positiva: ou que o trânsito melhorasse, ou que a limpeza das ruas melhorasse, ou que houvesse um projecto mobilizador para a cidade do Porto, ou que houvesse um deslumbre de algo de muito bom, e tudo o que assistimos foi precisamente o oposto”, apontou, desiludido.

Sem nunca referir o nome de Rui Moreira, o antigo presidente da ANJE partilhou com os comensais que teve “muitas vezes” a necessidade de lidar com o autarca, mas “tudo aquilo que lhe prometeu nada cumpriu”. Acusou ainda de “só querer fazer coisas em que ele fosse o protagonista” e que a “ânsia de aparecer foi sempre mais forte do que aquilo que era mais importante, que era a cidade do Porto”.

Os elogios ficaram para Manuel Pizarro. João Kouller entende que o melhor programa eleitoral “é de longe” o do candidato do PS. Depois de destacar o “privilégio” que teve em participar no jantar de apoio ao candidato socialista, o empresário despediu-se “com muita esperança” no resultado de domingo. E lembrou que a “cidade do Porto é feita de surpresas”.

O bastonário da Ordem dos Médios, Miguel Guimarães, o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, a estilista Anabela Baldaque, os arquitectos Luis Pedro Silva e José Gigante, a bastonária da Ordem dos Nutricionista, Alexandre Bento, e a médica Ana Aroso foram algumas das personalidades que manifestaram apoio a Manuel Pizarro. Também marcou presença no jantar o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, que é mandatário da candidatura de Pizarro, e o secretário de Estado Adjunto da Saúde, Fernando Araújo.

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