Os últimos momentos das campanhas dos líderes

Os partidos com mais peso nas autarquias encerraram as campanhas em grandes cidades.

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PS: Uma campanha em tons de rosa Miguel Manso
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CDS: BAndeiras ao vento, e cravos MLP
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BE: Emoção em Santa Catarina Paulo Pimenta
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PSD: No alto da Torre Adriano Miranda
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CDS: Arruada final

PS

Costa e o bife da Trindade

Assim que chegou à Trindade, lembrou logo que tinha feito "milhares de quilómetros" para "chegar à hora do bife", que para os socialistas se traduz no tradicional almoço para depois descerem o Chiado no encerramento das campanhas eleitorais. António Costa, líder do PS e primeiro-ministro, foi dizer aos socialistas que o problema está à direita e que espera que o seu partido tenha "um grande resultado" no domingo. 

"As candidatas do PSD e do CDS têm uma disputa muito excitante, mas é para saber qual delas é que vai ficar em segundo", disse ao almoço. 

António Costa saiu da Câmara de Lisboa em 2015, dando lugar a Fernando Medina, que se submete ao voto pela primeira vez. Na Trindade, lembrou a sua experiência autárquica para dizer que a gestão da cidade foi uma aprendizagem para o que quer fazer no país. "Aprendi como era possível arrumar a casa, pôr as contas em dia e investir. Isso foi feito e isso aprendi aqui", contou. 

As lições da cidade podem ainda ir mais longe, sobretudo se o tema for o turismo. "Daqui a seis anos talvez possamos estar a discutir no país o que se está a discutir em Lisboa: não a falta de actividade económica, mas porventura ter de regular algum excesso de actividade económica", disse referindo-se ao aumento do turismo

O líder do PS insistiu por várias vezes na ideia que a grande reforma que falta fazer é a da descentralização de competências para os municípios e freguesias, uma medida que ficou a meio gás no Parlamento e que quer retomar depois das eleições. O PS terminou a campanha no Porto, num comício de apoio a Manuel Pizarro. Liliana Valente

PSD

O orgulho de Passos

Ninguém estava à espera de ouvir Pedro Passos Coelho dizer que “Rui Rio foi um grande presidente da Câmara do Porto”, mas foi o que o líder do PSD fez no último dia de campanha. De passagem pela Torre dos Clérigos, Passos elogiou a “obra assinalável que deixou [na cidade]” e que é motivo de orgulho para “todos no PSD”.

Passos Coelho ainda ensaiou uma acção de rua, mas acabou por entrar num estabelecimento de venda de vinhos e de outros produtos relacionados com o turismo mesmo ao lado da Torre dos Clérigos. Aí provou um vinho do Porto escolhido pelo dono do estabelecimento e brindou, com os presentes, “à saúde, aos votos e, de preferência a uma vida boa, ou a uma boa vida”. 

Pouco depois, a comitiva da candidatura Porto Autêntico embarcava na “Marlene”, um autocarro de dois andares sem tejadilho que o PSD usa habitualmente nas campanhas eleitorais para a Câmara do Porto, para mais uma iniciativa no último dia da campanha. Passos fechou a noite em Felgueiras, longe das arruadas e dos comícios dos outros, fazendo um balanço positivo da campanha e da mobilização do partido.

Mas o último dia ficou marcado por uma notícia do Observador que citava a candidata do partido em Lisboa a dizer que Marcelo havia passado pela sua campanha para lhe dar uma "palavra amiga". Mas afinal, explicava mais tarde uma nota da Presidência, Marcelo tinha ido à missa à Igreja do Loreto e já se cruzara com outras três candidaturas, que saudou, sendo que nenhuma outra interpretou o encontro como um apoio. "O Presidente da República não apoia nenhuma candidatura eleitoral e reprova qualquer tentativa de aproveitamento ou manipulação da sua posição", lia-se na nota. Margarida Gomes

BE

As lutas de Catarina

Não houve linhas a separar a acção do Bloco de Esquerda na acção governativa nacional, do que este poderá fazer a nível autárquico, no discurso de encerramento de campanha de Catarina Martins, na Alfândega do Porto.

A coordenadora nacional disse que o Bloco "sabe ouvir" e que foi o seu resultado nas legislativas de 2015 e a sua acção no Governo que permitiu que Portugal esteja hoje diferente. Mas, ainda há muito por fazer, e Catarina Martins garantiu que a acção do partido vai continuar, escolhendo como temas "a luta contra a precariedade", "a recuperação dos rendimentos do trabalho, de pensões, dos serviços públicos, da economia e do emprego".

E lá, no Parlamento, prometeu que o BE vai "ouvir os professores", os que dizem que o Serviço Nacional de Saúde "não está bem" ou "quem foi excluído do novo regime de acesso a pensões".

Com uma sala cheia (não havia lugares para todos nas mesas), a líder dos bloquistas juntou à lista das batalhas futuras o direito à habitação condigna, porque, disse, "está por construir esse pilar essencial da democracia". 

A coordenadora do Bloco de Esquerda escolheu a sua terra para o encerramento da campanha eleitoral autárquica. À tarde, fez uma arruada curta na Rua de Santa Catarina, onde esteve acompanhada de figuras bem conhecidas do partido, como Francisco Louçã ou Mariana Mortágua. À noite, na Alfândega, a convidada especial foi a eurodeputada Marisa Matias, mas uma das maiores ovações da noite foi para João Semedo, o cabeça-de-lista à Assembleia Municipal, que chegou a ser o candidato à presidência da câmara, mas teve que desistir por razões de saúde. Patrícia Carvalho

CDU

Em Setúbal sem Moscatel

Uma correria – foi assim o último dia de campanha de Jerónimo de Sousa, que até andou de barco entre o Cais do Sodré e Cacilhas para conseguir chegar a horas e terminar em Loures, antes das doze badaladas. O dia começou no Barreiro com uma arruada, onde desta vez não havia camaradas à espera do secretário-geral com o habitual moscatel de Setúbal e bolinhos em miniatura para matar o bicho a meio da manhã. Nada que incomodasse Jerónimo, que acabou por passar a mensagem do dia: "[Se] a simpatia [fosse] na exacta medida dos votos, teríamos maioria absoluta”, disse, pedindo a todos que no dia da reflexão, não reflectissem sozinhos. "Reflictamos com os amigos, com os vizinhos."

No Barreiro, Jerónimo de Sousa teve direito a uma sessão de beijoquice de um grupo de jovens amigas da candidata à câmara. Por seu lado, Sofia Martins tinha outro fã no meio da multidão: Francisco Ferreira levantava bem alto dois cartazes escritos por si à mão (uma excepção nestas arruadas da CDU) em que a davam garantida como a “1ª mulher presidente do Barreiro”. E pelas quatro da tarde começava a preparar-se a festa do anoitecer: no largo do mercado um enorme porco já rodava no espeto e as mesas compridas recebiam toalhas floridas.

No Chiado, antes da tradicional descida a pé, quando os camaradas distribuíam as bandeiras (que são religiosamente enroladas e entregues no fim de cada acção), um grupo de jovens turistas estrangeiros pôs-se na fila e estendeu as mãos para agarrar umas e lá escaparam eles, na direcção do largo Camões, a falar inglês e a agitar bandeiras vermelhas e azuis.

Já João Ferreira, o candidato a Lisboa, estava em frente à Paris em Lisboa quando recebeu um molho de cravos vermelhos das mãos de uma mulher baixinha, que depois alguém identificou como Celeste Caeiro, a florista de rua que distribuiu os cravos aos militares em Abril de 1974. Maria Lopes

CDS

Cristas cruza-se com PAN

Quando Assunção Cristas chegou à frente da Brasileira para descer o Chiado, ainda o chão estava cheio de confetis de outros partidos. A tarde estava mesmo politicamente concorrida para os lados do bairro mais distinto e frequentado da cidade.

O CDS viu-o logo ali. Mal deu dois passos, Cristas deparou-se com concorrência à altura, se não em número de apoiantes, pelo menos em barulho. Uma pequena caravana do PAN acabava de subir a Rua Garrett com bombos e bandeiras coloridas. E logo ali em frente ao histórico café lisboeta se iniciou animado duelo de cantorias, perante a perplexidade dos turistas que, ainda assim, dançavam e tiravam selfies. Cristas foi abraçar alguns membros do PAN e depois de uns minutos de despique lá seguiu o CDS rua abaixo, fanfarra a tocar e bandeiras ao alto. Ribeiro e Castro, Pires de Lima e Teresa Caeiro juntaram-se à caravana.

"Vamos crescer eleitoralmente em Lisboa e em todo o país. Vamos ter muito bons resultados", disse a líder centrista a meio da arruada, que desceu até ao Rossio em quarenta minutos. Ali, Cristas sublinhou a importância do sufrágio de domingo. "Quisemos dar relevância a estas eleições autárquicas, porque nem tudo se resolve na Assembleia da República ou no Governo", afirmou, referindo-se ao papel dos municípios e das freguesias na vida dos cidadãos.

"No CDS somos vacinados à nascença contra as projecções", afirmou ainda a candidata a Lisboa. João Pedro Pincha

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