Chefe de gabinete de Merkel vai substituir Schäuble até haver governo na Alemanha

Gabinete de Merkel disse que as negociações para a formação do novo governo poderão durar até ao Natal.

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Peter Altmaier LUSA/CLEMENS BILAN

O chefe de gabinete da chanceler Angela Merkel será o ministro das Finanças interino até haver um novo governo na Alemanha, noticiou nesta sexta-feira o Süddeutsche Zeitung. A porta-voz do governo não desmentiu. O novo executivo poderá tomar posse apenas no Natal, devido à complicação das negociações.

O jornal diz que Merkel decidiu que Peter Altmaier ocupará o lugar de Wolfgang Schäuble, que na quarta-feira aceitou voltar ao seu lugar de deputado e tornar-se presidente do Parlamento - cuja composição se alterou com a entrada da extrema-direita da AfD (13% dos votos). Abre caminho a que o posto que ocupou durante décadas seja entregue a outro partido da futura coligação. 

A porta-voz do governo, Ulrike Demmer, disse aos jornalistas que não desmentia a informação. Mas sublinhou que só na primeira sessão do novo Parlamento saído das eleições de 24 de Setembro será escolhido o novo presidente - a nova legislatura deverá ter início a 24 de Outubro. A nomeação de Schäuble para o posto será feira a 17 de Outubro pela aliança conservadora que ficou em primeiro lugar nas eleições (a CDU-CSU).

Altmaier, um conservador que é um homem de confiança de Merkel, ocupará então o lugar de Schäuble, que tem 75 anos.

Segundo uma sondagem publicada esta nsexta-feira pela ZDF, 59% dos alemães apoiam uma coligação com os liberais da FDP e os Verdes - nesse caso, a pasta das Finanças iria para os liberais.

Mas esta coligação, chamada Jamaica pois as cores destes partidos formam a bandeira do país (negro, amarelo e verde), nunca foi testada a nível nacional e há sérias diferenças entre os três partidos em questões essenciais como os migrantes e refugiados, a energia, os impostos e a Europa.

Complicadas negociações também decorrem entre a CDU de Merkel e o partido irmão da Baviera CSU, que perdeu 10% nas legislativas. Ansioso por recuperar apoio antes das eleições estaduais de 2018, a CSU quer limites à entrada de imigrantes, uma decisão que Merkel não quer aceitar.

Só 23% dos alemães são a favor de uma "grande coligação" (o nome da aliança governativa entre a CDU e o SPD) que governou nos últimos quatro anos. Dois terços dos inquiridos na sondagem disseram que apoiam a decisão do SPD de regressar à oposição depois do pior resultado do pós-II Guerra. 

"Se a chanceler Merkel pensa que o SPD é uma opção [de coligação], está errada", disse ao jornal Bild Andrea Nahles, que acaba de ser eleito líder parlamentar do partido. 

O gabinete de Merkel disse que as negociações para a formação do novo governo poderão demorar mais tempo do que há quatro anos, quando só houve acordo no Natal. 

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