Tsunami de 2011 transportou 289 espécies marinhas até à costa dos EUA

Espécies encontradas pelos investigadores foram transportadas pelos detritos que resultaram do tsunami que assolou o Japão.

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Anelídeos encontradas em Abril de 2015 em Oregon, nos Estados Unidos John Chapman
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Navio encontrado em Oregon, vindo do Japão John Chapman

A 11 de Março de 2011, o Japão sentiu um dos maiores abalos de que há registo – um terramoto com epicentro no mar e de magnitude 9 na escala de Richter –, seguido por um tsunami de vários metros de altura. O desastre originou ainda o acidente da central nuclear de Fukushima, um dos piores de sempre. Ao todo, morreram 20.000 pessoas. Agora, seis anos depois da catástrofe, um grupo de investigadores descobriu que o tsunami transportou 289 espécies marinhas até à costa ocidental dos Estados Unidos.

Publicado esta quinta-feira na revista científica Science, os investigadores que conduziram o estudo acreditam que esta é a maior migração de espécies marinhas de que há registo. Esta descoberta, “transformou-se numa das maiores experiências naturais da história não planeadas”, referiu em comunicado, John Chapman, co-autor do estudo e investigador na Universidade de Oregon, nos Estados Unidos.

Mas como se deslocaram as espécies pelos cerca de 7000 quilómetros que separam os dois continentes? De acordo com os investigadores, as espécies marinhas chegaram à costa norte-americana através dos destroços gerados pelo tsunami. A análise das espécies marinhas foi realizada a partir dos detritos encontrados entre Junho de 2012 e Fevereiro de 2017.

“Não sabia que a maioria das espécies encontradas poderia sobreviver no meio do oceano por longos períodos de tempo”, referiu Greg Ruiz, co-autor do estudo e biólogo marinho no Centro de Investigação Ambiental dos centros de investigação Smithsonian dos Estados Unidos.

As espécies viajaram acomodadas (principalmente) em detritos que não são biodegradáveis, como objectos compostos por fibra de vidro, plásticos, boias e em pequenas embarcações. Inicialmente encontradas na zona costeira do Havai, os investigadores verificaram que as espécies também foram transportadas para os estados da Califórnia, do Alasca, de Washington e de Oregon.

Entre as 289 espécies marinhas, os moluscos, como é o caso dos mexilhões, foram as espécies encontrados com maior frequência. Os investigadores identificaram ainda anelídeos (minhocas marinhas), uma espécie de medusa e alguns crustáceos.

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Minhocas marinhas encontradas em Abril de 2015 em Oregon, nos Estados Unidos John Chapman

O principal autor do estudo, James Carlton, ficou espantado com a quantidade de espécies descobertas. “A diversidade é de fazer o queixo cair”, referiu Carlton ao jornal britânico The Guardian. De acordo com a equipa de investigadores, dois terços destas espécies nunca tinham sido encontradas na costa ocidental dos Estados Unidos.

Apesar da descoberta inédita, Ruiz considera que esta é também uma chamada de atenção para a influência que os seres humanos têm no meio ambiente. As espécies encontradas só foram transportadas para estas regiões através de detritos encontrados no oceano.

Os investigadores consideram que “gerir a quantidade de plástico nos oceanos” é uma das formas de combater a migração de espécies invasoras. “Isto é uma outra dimensão e consequência dos plásticos e outros materiais criados pelos humanos que merece uma atenção especial”, vincou Greg Ruiz.

Texto editado por Nicolau Ferreira 

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