Elon Musk planeia uma nova nave: para ir a Marte e revolucionar as viagens na Terra

Director-geral da SpaceX quer um sistema que permita reutilizar os foguetões, reduzindo custos e acelerando o processo. Na Terra, esse foguetão permitiria viajar entre qualquer cidade em menos de uma hora.

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Assim imagina Elon Musk uma colónia humana em Marte, como apresentado esta sexta-feira em Adelaide LUSA/MORGAN SETTE

Os objectivos são ambiciosos, mas, dado falarmos do magnata Elon Musk, não se esperaria outra coisa. O director-geral da empresa aeroespacial SpaceX revelou esta sexta-feira em Adelaide, Austrália, os seus planos para uma nova nave espacial que seria não só fundamental para a colonização de Marte, mas que poderia também revolucionar as viagens comerciais aqui mesmo, na Terra.

O seu nome, ainda de código, pode ser o pouco nobre BFR (“Big Fucking Rocket”), mas esse pormenor é insignificante perante a ambição de Musk, cuja empresa aposta na reutilização do material que vem desenvolvendo nos últimos anos, forma de conter custos e tornar mais rápido e eficaz o trânsito espacial. Musk acredita que a SpaceX fará o primeiro lançamento da BFR em 2022 e que, dois anos depois, quatro naves irão partir em direcção a Marte.

“É de loucos que construamos foguetões sofisticados e depois os despenhemos de cada vez que voam”, disse perante a audiência que o ouvia no Congresso Internacional de Astronáutica, reunido na cidade australiana. O foco está, portanto, em conseguir criar foguetões que possam ser reutilizados em novas viagens. Isso, aliado à BFR, de maiores dimensões que as actuais naves utilizadas pela empresa, como a Falcon9, permitiria reduzir drasticamente os custos das operações. Para uma viagem a Marte, a BFR poderá acomodar 100 pessoas, distribuídas por 40 cabines.

“Queremos tornar redundantes os outros veículos de transporte [espacial]”. A forma de o conseguir, argumentou, seria reunir todos os recursos num único sistema, o que permitiria que um mesmo foguetão viajasse e regressasse de Marte, reduzindo drasticamente os custos envolvidos. É na sua concretização que se afadiga actualmente a SpaceX. “Sinto-me extremamente confiante de que conseguiremos completar a nave e ter o seu lançamento preparado dentro de cinco anos”, disse Musk, que não aponta apenas ao espaço.

O magnata vê também benefícios óbvios aqui bem perto, no planeta que habitamos. “Se estamos a construir isto para ir à Lua e a Marte, porque não utilizá-lo também para viajar na Terra?”. Musk prevê que seria possível transportar-nos para o lugar mais distante no planeta em menos de uma hora.

Em entrevista realizada durante a conferência, também a empresa aeroespacial Lockheed anunciou planos para uma viagem tripulada a Marte. Relata a Reuters que estes passariam pela instalação de uma base em órbita para seis pessoas, que suportaria um módulo capaz de transportar quatro astronautas até ao solo do planeta vermelho. Rob Chambers, director da componente da empresa dedicada aos voos espaciais tripulados, espera que a Lockheed, num voo preparado em conjunto com a NASA, chegue a Marte na década de 2030.

A Lockheed e a SpaceX, criada com o propósito de colonizar Marte – em 2016, noticiava-se que Musk queria transportar para o planeta um milhão de pessoas em menos de 100 anos -, não estão sozinhas na corrida a Marte. Jeff Bezos, o fundador da Amazon, criou a Blue Origin, empresa que trabalha actualmente numa nave espacial, baptizada New Armstrong, com esse propósito.

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