A Comissão para a Igualdade de Género (CIG) lamentou a decisão da Porta Editora de voltar a colocar no mercado os blocos de actividades diferenciados para rapazes e raparigas, considerando que estes vinculam estereótipos de género. Na terça-feira, a editora pôs fim à suspensão da venda daqueles livros, depois de comprovar que não existiam “quaisquer discriminações” nos produtos em causa.

Questionada pelo PÚBLICO sobre a decisão da empresa, a presidente da CIG, Teresa Fragoso, sublinhou numa resposta enviada por escrito, que “as imagens veiculadas por estes blocos são reprodutoras de estereótipos de género discriminatórios”. A opção de recolocar os livros de exercícios no mercado, nota ainda, “é da exclusiva responsabilidade da Porta Editora”, tal como foi a decisão de suspender as vendas dos mesmos.

Na terça-feira, a editora explicou que decidiu suspender a venda dos livros para proceder a uma análise serena e ponderada do caso. A Porta Editora acrescenta ainda que essa primeira decisão serviu para denunciar o que classifica como uma "lamentável manipulação".

Na sequência da controvérsia que envolveu os blocos de actividades, a Porta Editora e a CIG anunciaram a produção conjunta de conteúdos, uma colaboração que, segundo Teresa Fragoso, não é posta em causa com o regresso destes livros aos escaparates. “Mantemo-nos disponíveis para colaborar com a Porto Editora no desenvolvimento de conteúdos que fomentem uma educação promotora de igualdade de oportunidades” e que auxiliem o desenvolvimento de “diferentes capacidades (…) das crianças”, refere a presidente da CIG.

No final de Agosto, a CIG recomendou que a editora retirasse do mercado os blocos de actividades – um com capa azul destinado a "rapazes" e o outro com capa cor-de-rosa direccionado às "meninas". A CIG considerou então que a existência de dois manuais com exercícios distintos promovia a desigualdade entre géneros. com Liliana Borges

Texto editado por Hugo Torres