No tempo das “geringonças exigentes”, o BE apela a quem lhe deu o voto em 2015

Caso Medina tenha maioria absoluta, Ricardo Robles garante que “não seria uma derrota”.

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Catarina Martins fez campanha ao lado de Ricardo Robles LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

A estratégia do Bloco de Esquerda nestas autárquicas tem sido clara como água. No último comício em Lisboa, nesta quinta-feira, a coordenadora Catarina Martins apelou a todos os que deram a voto ao partido nas legislativas: “Apelo a todas as pessoas, que votaram no BE e que sabem a diferença que fez, que votem no dia 1.”

O apelo estendeu-se a “todos os que foram enganados pela direita”. “É preciso que dia 1 o voto seja BE”, disse, garantindo que o partido pode desbloquear soluções em cada concelho “como fez a nível nacional”. E elogiou ao “trabalho de formiguinha tão difícil” que o BE tem feito. “Foi o crescimento do BE” que permitiu parar o empobrecimento do país, defendeu.

A esta estratégia junta-se, claro, o ataque: “A direita tem-nos facilitado a vida nesta campanha”, gracejou, ironizando com o facto de o ex-governante centrista Paulo Portas ter aparecido na campanha de Assunção Cristas e de o social-democrata Passos Coelho continuar a dizer que “vem aí a desgraça”.

Antes do comício, Ricardo Robles comentava a sondagem da Universidade Católica para a RTP e Antena 1 que considera como “muito provável” uma maioria absoluta do socialista Fernando Medina. Um balde de água fria, tudo o que o BE não queria. Ainda assim, o bloquista na corrida a Lisboa garantia ao PÚBLICO: “Não seria uma derrota.”

Como não, se uma das principais metas que traçou passa por impedir a maioria absoluta do PS em Lisboa? Se há muito que Robles desafia a esquerda para uma solução autárquica semelhante à “geringonça” que governa o país? Ricardo Robles recusa admitir cenários antes de 1 de Outubro, sondagens são sondagens, é apenas uma probabilidade, “não está garantido”, uma série de argumentos para quem não baixou os braços. Nesta sexta-feira ainda há campanha.

Ricardo Robles repete: o que está em causa no domingo é uma decisão dos eleitores entre dar mais quatro anos de maioria absoluta do PS ou “mais força ao BE”. Em vez da sondagem, agarra-se à vitória que o partido teve nas legislativas: “Em 2015, ruiu a ideia de que as maiorias absolutas são uma solução”, acredita. Se no domingo não for acompanhado nas urnas nesta convicção, garante que não ficar “decepcionado”. Será o que os eleitores decidirem.

A sondagem não garante que Medina consiga maioria absoluta, mas que é “muito provável” (47%). E diz também que BE e CDU podem eleger entre um e dois deputados, com 8% – significaria que BE conseguiria representação onde não tem (a sondagem foi feita entre 23 e 26 de Setembro, a recenseados em Lisboa, em onze freguesias e foram obtidos 1185 inquéritos válidos, com um nível de confiança de 95%).

No liceu Pedro Nunes, Robles contou com a presença da eurodeputada Marisa Matias. “Em todo o país sentimos que estamos a viver um novo contexto político”, disse a bloquista, para quem “em cada município, um vereador ou vereadora do BE é o passo fundamental para consolidar este tempo novo”.

Marisa defendeu que este é o tempo da passagem de maiorias absolutas para “executivos multicolores”, o “tempo das geringonças exigentes”. Não se trata, defendeu, de “replicar o modelo do país”, mas de “levar a mudança a cada município do país e aprofundá-la”. “Está ao nosso alcance”, disse, sublinhando que Lisboa “não será excepção”. A Robles garantiu: “Dia 1 festejaremos contigo, Ricardo.”

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