Com Costa ausente, mas à boleia do Governo, PS já fala numa grande vitória

Ana Catarina Mendes assume que autárquicas servem para PS "prestar contas". Socialistas acreditam que vão ter uma "grande vitória".

Foto
Ana Catarina Mendes substituiu António Costa na campanha LUSA/NUNO VEIGA

Para os socialistas, domingo é dia de vencer. Só precisam saber se essa vitória será assim-assim, grande ou se terá consequências políticas dramáticas para outros partidos, do PCP ao PSD. Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do partido, não tem dúvidas de que será "uma grande vitória" porque o PS anda a "prestar contas".

A dimensão dessa vitória poderá fazer ondas de choque noutros partidos, mas os socialistas insistem que não se pouparam a esforços, mesmo em câmaras do PCP. Em conversa com o PÚBLICO, em Góis, a secretária-geral adjunta do PS diz que "não houve nenhum pacto de não-agressão" e que  "o PS sabe ao que vai e por isso disputou em todo o território e disputa em todo o território as eleições para ganhar", acrescentou. 

Questionada sobre o empenho em territórios comunistas, Ana Catarina lembrou que esteve "em vários concelhos liderados pela CDU" e que também "António Costa esteve em vários concelhos liderados pela CDU sem nunca" se desviarem do objectivo: "Os nossos projectos para as populações são melhores projectos para as populações", defendeu.

A dois dias das eleições, a socialista foi fazer campanha em Arganil, que quer roubar ao PSD. E nos discursos, Ana Catarina tem a direita como alvo definido, usando como argumento, tal como António Costa, a governação socialista. "Não nos enganemos. O PS é mesmo o referencial da estabilidade política e da paz social nestes dois anos. Sabemos bem o que a direita nos deixou, o empobrecimento e as metas que falhou, mas sobretudo o que falhou com as pessoas, no que cortou nos salários, pensões e prestações sociais, no que cortou na dignidade e respeito que devemos ter com as pessoas", disse num comício em Góis, em frente ao quartel dos bombeiros. 

O mesmo repetiria à noite em Lisboa, onde fez as vezes do líder do partido que andou nas lides de primeiro-ministro. “O PS foi capaz de demonstrar que era possível aumentar o salário mínimo [e ao mesmo tempo] gerar aquilo que é mais sagrado para as pessoas: o emprego”. Ao lado tinha Manuel Alegre e, se os dirigentes actuais do partido caminham sobre o vidro quando o tema é a relação com o PCP, o histórico militante foi directo ao assunto. "Desculpa lá, ó Jerónimo, mas eu tenho de o dizer: [o PS] recuperou salários, rendimentos e direitos” (não foi só a esquerda),disse depois de dar vivas "à geringonça".

Em Lisboa, as sondagens são a vitória como certa para o PS e a maioria absoluta como "muito provável". Ana Catarina pede no entanto cautela e caldos de galinha: "Não nos deixemos deslumbrar pelas sondagens", pediu num comício no Campo das Cebolas.

Os estudos de opinião dão o PS a ser o partido com mais votos e mais câmaras. Nas voltas pelo país, tem pedido mais autarcas para poderem implementar aquilo que chamou a "verdadeira reforma" da legislatura, a descentralização. E olhando para os restantes partidos questiona afinal "qual o grau de compromisso" para se levar a cabo a descentralização de competências e de recursos para as autarquias? Uma resposta que ficou pendurada na última sessão legislativa, apesar de Costa ter pedido para que ficasse fechada antes das eleições. Com J.P.P.

Sugerir correcção
Comentar