Governo “gorou as expectativas”dos bloquistas na cultura

Nas negociações do próximo Orçamento do Estado, o Bloco vai voltar a insistir no 1% do PIB para financiar a cultura. Em Olhão, os bloquistas esperam “um resultado histórico” nas autárquicas.

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LUSA/LUIS FORRA
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As apostas autárquicas do Bloco de Esquerda no Algarve passam pelo reforço da presença nas câmaras onde já está representado – Portimão e Olhão, - com um piscar de olhos à politica cultural no munícipio de Faro. Para alcançar esse objectivo, na digressão que fez ontem pela região, a coordenadora do BE, Catarina Martins, retomou as causas do ambiente e da cultura, mostrando-se decepcionado com o executivo de António Costa. “O Governo gorou as expectativas”, disse, referindo-se ao financiamento do sector cultural, muito aquém do que acha necessário para afirmar uma “efectiva” politica cultural.

Em Portimão, pelo rio Arade acima, denunciou o incumprimento dos parâmetros de qualidade previstas na Lei da Água. O que acontece, enfatizou,  é que as metas traçadas para o final de 2015 foram revistas e atiradas para 2021. No Algarve, o tema da poluição ganha especial significado pelas  repercussões directas que tem no sector do turismo e da pesca. “Estamos num sítio [Portimão] onde uma das estações de tratamento de águas residuais não dá uma resposta satisfatória”. Além da poluição, adiantou, o rio está assoreado.  A questão ambiental, disse, “deve ser central na política autárquica – esse é compromisso do Bloco”.  No rio Arade, exemplificou, “há problemas graves de poluição”.

Durante um passeio fluvial, proporcionado à comitiva, o comandante da embarcação, João Venâncio, perguntou: “Doutora, não quer pôr o boné de comandante, para tirar uma fotografia?” Catarina Martins, esboçou um sorriso, como que a dizer que aquele número não fazia o seu estilo, mas lá pôs o boné.

Neste concelho, o candidato bloquista à presidência da câmara é o deputado João Vasconcelhos, que é também vereador. Em Olhão, onde participou numa arruada, Catarina Martins mostrou-se entusiasmada: “Estamos à beira de ter aqui um resultado histórico e de fazer toda a diferença”

No final da visita a Portimão, convidada a comentar uma frase de Pedro Passos Coelho - que acusou António Costa de ter vendido  a “alma ao diabo” ao coligar-se  com a esquerda - , a líder do BE respondeu: “Ainda bem que Pedro Passos Coelho ou Paulo Portas participam nas respectivas campanhas eleitorais, para ninguém se esquercer o que fizeram e o que representam os seus partidos”. Quando a direita esteve no poder, “prometeu que se se cortasse nos salários, nas pensões, se privatizasse tudo, ía surgir uma qualquer outra economia – não surgiu nada, ficaram cinzas da destruição”.

À saída do Teatro Lethes, em Faro, onde teve uma reunião com A Companhia de Teatro do Algarve  (ACTA), Catarina Martins antecipou a posição do BE nas discussões sobre o Orçamento do Estado (OE): “Espero que a questão do financiamento à cultura volte à ordem do dia”. A proposta  bloquista é que o financiamento do Ministério da Cultura salte dos actuais 0,2% do Produto Interno Bruto para 1%.

Por seu lado, a candidata do BE à presidência da Câmara de Faro, Eugénia Taveira, lembrou que o edifício do Teatro Lethes pertence à Cruz Vermelha Portuguesa, existindo uma coabitação nem sempre pacifícia com a ACTA, que ali tem a sua sede . Quando a câmara quis comprar o imóvel, disse, foi pedido "um preço proibitivo, porque os reis disto tudo são os especuladores imobiliários”. Quanto a cenários futuros, disse que receberia “com muito gosto” um convite para dirigir o pelouro da cultura.

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