Em Taiwan falou-se em país independente e a China não gostou

Território "nunca foi um país e nunca poderá ser um país", diz Pequim.

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O primeiro-ministro de Tawain, William Lai, no Parlamento LUSA/TAIWAN CAIBNET HANDOUT

A China advertiu esta quarta-feira Taiwan de que “sofrerá as consequências” de promover uma independência formal, uma linha que Pequim, que reclama a posse da ilha, não quer ver ultrapassada.

O governo de Taiwan ripostou dizendo ser um facto que a República da China, o nome formal de Taiwan, é um país soberano e que nada que a China diga pode mudar isso.

Taiwan é um dos assuntos mais sensíveis para a China, e Pequim nunca renunciou à possibilidade do uso da força para trazer para o seu domínio o que considera ser uma província desobediente.

Foi para Taiwan, que tinha sido uma colónia japonesa entre 1895 e 1945, que em 1949 retiraram as forças nacionalistas derrotadas pelos comunistas na guerra civil chinesa.

Discursando no Parlamento na terça-feira, o recentemente eleito primeiro-ministro William Lai disse não só ser “um político que defende a independência de Taiwan”, mas também que a República da China já era um país independente e portanto sem nenhuma necessidade de declarar a independência.

Em reacção, Ma Xiaoguang, porta-voz dos Serviços dos Assuntos Taiwaneses do governo chinês, afirmou que as relações entre as duas partes não são “de país para país”, e que não existem “uma China e um Taiwan”.

“Taiwan é uma parte inseparável do território chinês, nunca foi um país e nunca poderá ser um país. A China continental opõe-se resolutamente a qualquer tipo de palavras ou acções sobre ‘a independência de Taiwan’, e nunca deixará que a tragédia histórica da separação da nação se repita. Quem se envolver no separatismo da independência de Taiwan sofrerá as consequências”, acrescentou.

Os Serviços dos Assuntos Continentais do governo taiwanês declararam que, independentemente das palavras de Pequim, o facto de que a República da China é um estado soberano é uma “realidade objectiva”.

“O futuro de Taiwan e o desenvolvimento das relações ao longo do Estreito serão decididos em conjunto pelos 23 milhões de taiwaneses”.

Já não é a primeira vez que os governantes de Taiwan dizem que não é preciso uma declaração de independência porque a República da China já é um país independente, embora o seu território só inclua Taiwan e algumas ilhas perto da costa chinesa e no Mar do Sul da China.

As relações entre Taipé e Pequim pioraram significativamente depois da vitória nas eleições do ano passado de Tsai Ing-wen, do Partido Progressivo Democrático e pró-independência, que tem afirmado querer manter a paz com a China. Pequim suspendeu os mecanismos de diálogo regular com Taipé que tinham sido estabelecidos com o anterior governo taiwanês, e tem-se verificado uma redução drástica dos turistas chineses que visitam Taiwan.

 

 

 

 

 

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