Easyjet aposta em aviões eléctricos para voos de curta duração

Empresa fez uma parceria com a norte-americana Wright Electric para conceber aviões eléctricos capazes de voar até duas horas.

Foto
BLR bruno lisita

Dentro de dez anos, pode haver um avião comercial capaz de levar cerca de 180 pessoas de Lisboa a Madrid movido apenas a electricidade. Essa é a aposta da Easyjet e da Wright Electric, uma start-up norte-americana que já produziu um protótipo de um avião eléctrico capaz de transportar duas pessoas. 

A fasquia dos dez anos foi colocada por Jeffrey Engler, fundador e presidente executivo da Wright, no evento da Easyjet dedicado à inovação que se realizou esta quarta-feira num hangar do aeroporto de Gatewick, em Londres.

Por parte dos responsáveis da companhia aérea britânica, a ideia-chave é a de que já não se coloca a questão sobre se haverá aviões de passageiros movidos a electricidade, mas quando é que isso fará parte do quotidiano – reduzindo emissões e ruído.

De acordo com os dados da Easyjet, os novos aviões conseguirão ter, com as margens de segurança hoje existentes em termos de capacidade de voo, um alcance de 355 milhas. Isso, sublinham, é o equivalente a cerca de 20% das deslocações dos seus passageiros, cobrindo ligações como Lisboa-Madrid, Londres-Paris ou Londres-Amesterdão, para dar apenas alguns exemplos.

Para já, a ideia é ir subindo a escala face aos primeiros testes, com aviões de maiores dimensões, articulando então o projecto com as entidades oficiais. Se os planos se mantiverem, estes aviões serão mais aerodinâmicos, com os motores a fazerem parte integrante das asas.

No curto prazo, o objectivo é usar a energia eléctrica para fazer deslocar e estacionar os aviões após a aterragem, (apelidado de e-taxi). As primeiras experiências, segundo adiantou a empresa, vão começar no ano que vem, no aeroporto de Toulouse.

Entretenimento a bordo

Outra das novidades apresentadas foi a disponibilização de entretenimento a bordo. Neste caso, a ideia não passa pela colocação de ecrãs nos assentos, mas sim pela disponibilização de conteúdos (desde filmes a jogos), através de uma rede local wi-fi, que podem ser visualizados nos aparelhos portáteis dos passageiros.

A ideia é começar o projecto já este Outono em cinco aviões com base em Genebra, para depois alargar ao resto da frota, não estando previsto a disponibilização de conteúdos em português. A iniciativa, apelidada de “Airtime”, não terá custos para os passageiros e resulta de um acordo com duas outras empresas, a Rakuten e a Immfly.

As receitas, essas, poderão vir da publicidade e patrocínios, e das vendas de comércio electrónico. Um problema poderá ser o do carregamento das baterias por parte dos passageiros – não há pontos de acesso a energia --, algo que os responsáveis da empresa desvalorizaram, nomeadamente por grande parte das viagens durarem cerca de duas horas.

De resto, ficou evidente nas apresentações feitas pela Easyjet que o presente e o futuro da empresa – logo, dos passageiros – passa pelo uso da tecnologia e dos dados. Tanto pode ser a utilização de drones -  nomeadamente automatizados – para detectar necessidades de intervenção em pistas ou nas aeronaves, como o recurso a inteligência artificial para detectar o desgaste de peças e antecipar avarias – evitando falhas mecânicas e atrasos de voos. Numa ligação mais directa com os passageiros, a aposta é aprofundar a aplicação para smartphones, fornecendo cada vez mais informações sobre os voos, os aeroportos (como o tempo de deslocação até à porta de embarque ou a verificação de mesas vagas num determinado restaurante) e as cidades de destino.

Ao mesmo tempo, com uma tendência crescente para o uso de reconhecimento biométrico (íris e facial), para evitar longas filas no acesso à zona interior dos aeroportos, a Easyjet quer disseminar algo que já colocou em prática em Gatewick: pontos automáticos de entrega de bagagem de porão.

*O jornalista viajou a convite da Easyjet

Sugerir correcção
Ler 1 comentários