Frauke Petry abandona a Alternativa para a Alemanha

Está consumada a ruptura na AfD. Depois de anunciar que vai sentar-se no parlamento como independente, a ex-líder confirma que vai demitir-se do partido de extrema-direita.

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Ex-líder da AfD, Frauke Petry, confirma demissão do partido Reuters/WOLFGANG RATTAY

Um dia depois de ter deitado um balde de água fria na festa da Alternativa para a Alemanha (AfD), ao tornar evidentes as fracturas dentro da formação de extrema-direita que nas eleições de domingo conseguiu assegurar uma representação no Parlamento pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, a co-fundadora do partido, Frauke Petry, confirmou que tenciona desligar-se do movimento. “Parece-me muito claro que a demissão é o passo seguinte”, afirmou Petry à agência DPA, esclarecendo que a sua decisão se baseou “exclusivamente” na sua “visão muito pouco optimista” de como a AfD irá desenvolver a sua acção política.

O partido de extrema-direita reuniu esta terça-feira os seus em Berlim, para discutir a formação do grupo parlamentar e escolher os seus porta-vozes no Bundestag. Petry, que na véspera anunciara que não vai integrar a bancada da AfD, entrando no parlamento como independente, ficou na sua cidade natal de Dresden. A sua decisão de se afastar implica que também deixará vago o lugar que ocupava no parlamento regional da Saxónia, informou. Segundo a Deutsche Welle, o seu marido Marcus Pretzell, outra figura de proa da AfD na Renânia do Norte-Vestefália, também vai abandonar o partido – as dissidências abrem o caminho para uma maior radicalização.

As fricções entre Petry e as figuras mais extremistas da AfD – os dois principais protagonistas da campanha, Alexander Gauland e Alice Weidel – já eram óbvias antes da votação, e a ruptura tornou-se inevitável na sequência das suas reacções ao resultado eleitoral de domingo: segundo criticou a agora independente, o caminho que o partido pretende seguir retira-lhe toda a credibilidade para se afirmar como uma “força de oposição construtiva”. Petry esperava que a entrada no Parlamento pudesse projectar a AfD para um novo patamar na política alemã, ao ponto de poder ser considerada como possível parceira de Governo em coligações futuras.

A AfD vai assistir de fora às negociações partidárias para a composição de uma nova coligação de Governo na Alemanha – tal como o partido Die Linke (A Esquerda), que conquistou 9% dos votos no domingo. A chanceler Angela Merkel, que garantiu a manutenção no cargo ao obter 33%, excluiu as forças dos dois extremos políticos das suas opções para a formação de uma coligação, mas prometeu conversar com todos os outros partidos, incluindo o SPD, que já fez saber que assumirá o papel de maior força de oposição.

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