As crianças e os mais velhos estão no centro das propostas dos candidatos a Lisboa e Porto
Nos programas dos candidatos às autarquias do Porto e de Lisboa, as políticas de promoção do envelhecimento activo e da educação a partir da creche são os apoios às famílias mais repisados.
Não é um tema que surja com frequência nos debates políticos que têm antecedido as eleições de domingo. Com a habitação, os transportes e o turismo a impor-se como os três principais problemas que as cidades enfrentam, que respostas propõem, afinal, os candidatos às câmaras do Porto e de Lisboa em matéria de apoios à família? Neste âmbito, da esquerda à direita, são mais os consensos do que as discordâncias. À cabeça, estão as políticas de envelhecimento activo, em cidades cada vez mais envelhecidas.
Na capital, o actual autarca e candidato socialista, Fernando Medina, propõe a iniciativa “Avós próximos”, que tem como objectivo promover práticas de solidariedade entre gerações. Para isso, prevê a construção de oito centros, com “residências assistidas” e equipamento para a infância.
No Porto, o bloquista João Teixeira Lopes propõe a criação do “Porto + 65”, um programa de apoio a idosos que prevê a criação de uma Rede Municipal de Cuidadores, “com formação e remuneração adequada”. Ideia semelhante tem Assunção Cristas, candidata do CDS, em Lisboa, ao defender a criação da rede “cuidadores de Lisboa” para combater o isolamento dos mais velhos.
A norte, o socialista Manuel Pizarro, sugere uma alternativa aos lares tradicionais, dando mais autonomia aos idosos. Como? Com a organização de comunidades residenciais que serão geridas pelos próprios.
Também a norte, Álvaro Almeida, candidato social-democrata, compromete-se a implementar um projecto-piloto de “transporte personalizado de proximidade para idosos”, o “Vizimob”.
A rede de cuidados continuados constitui outra área que, caso se mantenha na câmara de Lisboa, Medina se compromete a melhorar, criando 650 camas de cuidados continuados. A candidata do PSD, Teresa Leal Coelho, quer assegurar a construção de três unidades de cuidados continuados.
Os candidatos colocam também a educação de crianças e jovens no centro das preocupações. Em Lisboa, Teresa Leal Coelho propõe o desenvolvimento de um programa municipal de apoio à natalidade e o alargamento da rede de creches e jardins-de-infância. É precisamente neste ponto que o autarca lisboeta tem ouvido críticas à sua gestão, nomeadamente de Assunção Cristas que referiu já, por várias vezes, que Lisboa é “o pior concelho do país em relação à cobertura de creches”, defendendo a contratualização de vagas entre o público e o privado.
Ricardo Robles assume o compromisso de criar, “pelo menos”, 48 novas creches públicas municipais. Também o candidato comunista, João Ferreira, fala do aumento de creches, infantários, escolas, lares e centros de dia, assim como, no Porto, a candidata da CDU, Ilda Figueiredo, defende a criação de parques infantis, ringues ou bibliotecas ou ludotecas, em zonas mais “abandonadas” da cidade, como Campanhã, Aldoar ou Paranhos.
Em matéria de educação, o actual autarca do Porto, Rui Moreira, defende a descentralização e transferência de atribuições e competências da administração central para o município em domínios como a gestão de pessoal não docente das escolas básicas, secundárias e da educação pré-escolar.
Robles, por seu turno, propõe a criação de uma rede municipal de autocarros escolares, para “facilitar a vida dos pais e das crianças” e “retirar carros da hora de ponta”.