Costa diz que PSD fez "balão de ensaio" de discurso populista em Loures

Marcos Perestrello diz que foi Gestão do PCP que abriu espaço a “discursos populistas”. Costa não ligou ao PCP e atirou aos social-democratas.

António Costa acusa PSD de ter perdido o "sentido de estado" RTP

António Costa chegou tarde a Loures, mas tinha na manga um discurso duro de ataque ao PSD, lembrando que neste concelho os social-democratas apoiam um candidato que defende "a prisão perpétua e que não se choca com a pena de morte e que não hesita em explorar os preconceitros raciais na tentativa de ganhar votos". "O PSD, perdido no discurso do diabo, não resistiu à tentação de ensair uma nova estratégia e ter testado um balão de ensaio numa estratégia populista" que usa o medo para ter votos, atirou.

Loures é um concelho onde a campanha tem sido mediática sobretudo por causa das declarações polémicas de André Ventura, candidato do PSD. Para Costa, esse apoio desvirtua aquilo que é o PSD. "Que PSD é este, onde o seu próprio líder não hesita em aproximar-se de André Ventura, procurando acenar o fantasma da insegurança por causa da imigração?", questionou.

Para o secretário-geral do PS e primeiro-ministro "o estado do PSD é evidente": "Ao perder o diabo, ficou perdido". Costa falou não só da candidatura de Loures, mas de vários casos que têm acontecido nos últimos meses.

Lembrando a actuação de Passos Coelho no rescaldo do incêndio de Pedrógão Grande, Costa questionou: "Mas que PSD é este que não hesitou, perante uma tragédia que vivemos este Verão, em explorar essa tragédia que entristeceu e comocionou todo o país, fazendo-se porta-voz de boatos, alimentando insinuações sobre o destino do dinheiro solidário dos portugueses como se o Estado se tivesse apropriado do dinheiro", e dando ainda voz "à acusação infame da manipulação da lista de vítimas, como se isto fosse admissível num Estado de direito". O que significa, para o líder do PS, que o PSD "perdeu o sentido de Estado".

Costa cola PSD a alegado relatório sobre Tancos. "Tenho pena", diz sobre rumo dos social-democratas

Para cimentar a ideia que o PSD "está perdido", António Costa lembrou a posição dos social-democratas em relação ao que aconteceu no paiol militar de Tancos, colando o PSD às notícias sobre um alegado relatório das secretas militares. O Expresso trazia este fim de semana um alegado relatório de serviços de informação militares, que o Governo nega existir, e Costa acusou não só acusou o PSD de aproveitar as polémicas como o cola à existência desse documento.

"Mesmo depois de hoje o próprio director do Expresso dizer que afinal não há qualquer relatório oficial dos serviços de informação a acusarem quem quer que seja, [quero saber] se o PSD vai continuar a exigir ao Governo que apresente na Assembleia da República um relatório que desconhece e que foi fabricado e que pelos vistos só o PSD sabia que ele existia", disse. Já esta segunda-feira, o deputado do PS, Pedro Delgado Alves tinha dado a entender esta ligação.

Os constantes episódios, levam Costa a dizer que os PSD está a perder os valores de um partido humanista. "Todos nos habituámos a respeitar o PSD como um partido fundador, que não troca valores do humanismo por votos, não põe em causa o sentido de estado, faz campanha eleitoral com as suas propostas,  com os seus candidatos, batendo-se com os melhores. É assim que se faz em democracia", disse para de seguida lamentar: "Tenho pena porque é injusto para a história do PSD".

Perestrello diz que PCP "foi o pai e a mãe" do "discurso populista em Loures

Se Costa atacou sobretudo o PSD, para os dirigentes socialistas, ficou a ligação do aparecimento deste discurso com a gestão do PCP no concelho. “A política da CDU e de Bernardino Soares no abrandamento da questão das rendas sociais, prejudicando os cumpridores, e abrandando o ritmo das políticas sociais, abriu espaço a este discurso populista de direita”, disse ao PÚBLICO Marcos Perestrello, para mais tarde dizer no palco que "o PCP foi o pai e a mãe do discurso populista que grassa neste concelho".

Em causa está, para os socialistas, a emergência do discurso do candidato do PSD, André Ventura, que tem criado polémica com algumas declarações sobre os apoios sociais dados a pessoa de etnia cigana ou com a defesa de que as minorias deveriam ter formação cívica e em Direito Penal. "É um discurso que procura cavalgar a pobreza, as diferenças, que não pode ser aceitável. Fez bem Sónia Paixão em dizer que em caso algum estaria disposta a entendimentos eleitorais com este PSD", disse o socialista.

O dirigente socialista lamenta que, por causa da gestão comunista na autarquia, Loures seja agora falado pelas “razões que se falavam quando a CDU governou, antes do PS”, ou seja, “como um concelho de barracas e dos bairros clandestinos”.

Os socialistas perderam a câmara para o PCP em 2013, mas este não obteve maioria absoluta. Há quatro anos, os socialistas recusaram coligar-se com o PCP, que acabou por receber o apoio do PSD. Agora o cenário muda. Fernando Costa já não é o cabeça-de-lista pelos sociais-democratas - candidata-se em Leiria -  e os socialistas também escolheram uma cara nova para as eleições. Sónia Paixão, a candidata do PS, prefere não falar para já em outros cenários para as autárquicas que não seja a vitória. “Neste momento, o que eu sinto é uma grande vontade dos lourenses em votarem no PS, quer seja porque Portugal está melhor com o Governo do PS, quer porque sabem que no concelho de Loures viveu-se melhor também com a governação do PS. É isso que pretendo retomar no dia 1 de Outubro”, disse em conversa com o PÚBLICO.

À semelhança do que aconteceu no domingo no Alentejo, os candidatos criticaram a actuação da câmara da CDU. "A CDU e o seu candidato nada aprenderam com a 'geringonça' nacional", disse Ricardo Leão, presidente da concelhia do PS de Loures

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