Abe vai dissolver Parlamento e convocar novas eleições em Outubro

Primeiro-ministro japonês diz que país enfrenta “crise nacional” por causa da Coreia do Norte e quer reforçar o seu mandato.

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Shinzo Abe pode tornar-se no primeiro-ministro com mais tempo no poder desde o fim da II Guerra Mundial EPA/Craig Ruttle / POOL

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, vai dissolver a câmara baixa do Parlamento esta semana e marcar eleições antecipadas para o próximo mês. A decisão era já esperada e é feita num contexto de “crise nacional”, como justificou Abe, mas a imprensa sublinha que o objectivo é aproveitar a recente subida da popularidade do Governo e a desorientação entre a oposição.

Abe não revelou a data para as eleições antecipadas, mas vários jornais apontam 22 de Outubro como a hipótese mais provável. A dissolução da câmara baixa da Dieta Nacional (Parlamento) será consumada na quinta-feira, no dia em que a nova legislatura seria inaugurada.

O primeiro-ministro, no poder há cinco anos, disse que o Japão enfrenta uma “crise nacional” relacionada com a ameaça norte-coreana. “Não podemos ceder perante as ameaças da Coreia do Norte. Ao renovar o mandato do povo com estas eleições, irei continuar com uma diplomacia forte”, garantiu Abe, durante uma conferência de imprensa esta manhã.

Dois dos mais recentes testes balísticos norte-coreanos sobrevoaram território japonês, aumentando os receios de uma possível escalada.

A oposição diz, no entanto, que a marcação de eleições antecipadas não passa de uma jogada política de Abe para se manter no poder. E acusam o primeiro-ministro de arriscar a criação de um “vácuo no poder” numa altura crítica para a segurança nacional.

Os últimos meses não têm sido fáceis para o Governo liderado pelo Partido Liberal Democrata, assolado por vários escândalos a envolver os seus ministros. Um dos casos envolve suspeitas de favorecimento pelo próprio primeiro-ministro e pela mulher a uma escola ligada a um grupo ultranacionalista.

Porém, a taxa de aprovação mais recente de Abe voltou a recuperar, sobretudo por causa da percepção do eleitorado de que o primeiro-ministro lidou bem com a subida da tensão na Península Coreana. Em Julho, a popularidade de Abe estava nos 30%, mas na última semana ultrapassava os 50%, de acordo com uma sondagem.

Mas mais do que a sua taxa de aprovação, a grande motivação de Abe para convocar novas eleições é a fraqueza da oposição. O Partido Democrático recolhe apenas 8% das intenções de voto, de acordo com uma sondagem da agência Kyodo News, contra 27% para o LDP.

A grande ameaça para o LDP deverá vir do recém-criado Partido da Esperança, liderado pela governadora de Tóquio, Yuriko Koike, que junta vários políticos dissidentes dos principais partidos e tem criticado a protecção de “interesses específicos” por parte da classe política tradicional.

Se as sondagens se confirmarem, é provável que Abe se mantenha como primeiro-ministro – tornando-se no chefe de Governo com maior longevidade no pós-guerra – mas a coligação governamental não deve conseguir a almejada “super-maioria” de dois terços necessária para que a Constituição pacifista do Japão seja alterada.

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