Dívida dos países do Sul afectada por eleições alemãs

Na manhã a seguir à eleição na Alemanha, diferencial dos juros da periferia faca ao centro voltou a subir na zona euro

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Taxas de juro gregas interromperam tendência de descida Reuters/ALKIS KONSTANTINIDIS

O cenário de uma coligação governamental alemã em que as forças mais europeístas podem perder força está durante esta segunda-feira a afectar o desempenho dos títulos de dívida pública dos países do Sul da Europa, incluindo Portugal, cujas taxas de juro alargaram-se face à alemãs.

De acordo com os dados publicados pela Reuters, às 12h desta segunda-feira, enquanto as taxas de juro da dívida alemã caiam 0,045 pontos, os juros portugueses, espanhóis, italianos e gregos mantinham-se praticamente inalterados. No caso de Portugal, a taxa de juro a dez anos subia 0,005 pontos.

Este alargamento do diferencial entre as taxas de juro do Sul da Europa e a referência alemã que se regista na segunda-feira representa uma alteração de tendência face à evolução das últimas semanas. No caso português, em Portugal, assistiu-se na semana passada a um forte encurtamento do diferencial, em consequência da subida do rating atribuído ao país.

O comportamento dos mercados nesta segunda-feira está a ser lido como uma reacção aos resultados eleitorais na Alemanha. A CDU de Angela Merkel voltou a assegurar a vitória, mas, perante a recusa do SPD em participar novamente numa solução de Governo, terá de encontrar outro tipo de coligação para sustentar o executivo. A hipótese considerada neste momento mais provável é um entendimento da CDU com os Liberais e com os Verdes.

Os Liberais adoptaram, durante a campanha eleitoral, uma posição muito céptica em relação ao reforço da integração europeia, recusando por exemplo quaisquer avanços na criação de uma capacidade orçamental própria da zona euro, que pudesse constituir um instrumento de combate a crises financeiras e económicas de algum dos Estados.

Existe assim a expectativa que Angela Merkel, que mostrou alguma disponibilidade para discutir com o presidente francês avanços nessas áreas, tenha agora mais dificuldade em convencer não só os Liberais como a facção menos europeísta do seu próprio partido a dar novos passos na integração europeia.

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