Afinal é mesmo de Rubens o retrato do Duque de Buckingham na Pollock House

Até agora, julgava-se que o retrato na Pollock House, em Glasgow, era uma cópia de um retrato do preferido de Jaime VI da Escócia e I de Inglaterra. Um olhar mais atento revelou ser mesmo obra do mestre flamengo.

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O retrato identificado é um estudo que os especialistas datam na década de 1620 DR

Estava ali à vista de todos, pendurado sobre a lareira. Ali, em Glasgow, na galeria da Pollock House, a mansão ancestral da família escocesa Stirling Maxwell. Bendor Grosvenor visitou a galeria com a mulher e a filha, e algo naquele quadro — o traço, o brilho — lhe disse que visse com mais atenção o retrato de George Villiers, primeiro duque de Buckingham e que se julga ter sido amante do Rei Jaime VI da Escócia e I de Inglaterra. Até então, a obra estava identificada como cópia tardia de um retrato do mestre flamengo Peter Paul Rubens.

No dia seguinte, Bendor Grosvenor, historiador e negociante de arte, regressou armado com uns binóculos. No seguinte a esse, levou consigo uma escada, contou ao jornal The Guardian. Sob a camada de sujidade e os retoques de pintura posteriores, aí estava ele, o primeiro duque de Buckingham, tal como pintado por Rubens por volta de 1625. Trata-se de um estudo para uma obra de maior dimensão, destruída num incêndio em 1949, e que se manteve perdido durante quatro séculos até ser encontrado à vista de todos na Pollock House. A história da recuperação do retrato será contada num episódio do programa da BBC4 Britain’s Lost Masterpieces, que será emitido esta quarta-feira.

O trabalho de conservação do retrato demorou dois meses e a autenticação foi feita por Ben van Beneden, director do Rubenhuis, o museu em Antuérpia instalado na antiga casa-estúdio do pintor flamengo. A análise da tela revelou que esta foi preparada seguindo o método habitual no estúdio de Rubens e datou a sua criação na segunda década do século XVII. Beneden considera o retrato “uma adição rara à obra retratista de Ruben”.

“A hipótese de descobrir um retrato de uma figura tão determinante na história do Reino Unido feito por um dos maiores artistas que já viveu foi tremendamente entusiasmante”, comentou Bendor Grosvenor. Figura controversa na sociedade britânica do seu tempo, o primeiro duque de Buckingham ascendeu na corte enquanto preferido de Jaime VI da Escócia e I de Inglaterra. Criticado pela população pelos seus gastos sumptuosos, sobreviveria apenas três anos à morte do soberano. Em 1628, aos 35 anos, foi apunhalado mortalmente, em Portsmouth, por um oficial do Exército. 

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