Uma casa não é o que se vê

O design é uma forma de pensar, é um instrumento para melhorar a condição humana.

Comprei uma casa velha.

E agora quero usá-la e frui-la.

A casa não é o que se vê. É o que se sente. É o que significa.

Comprar a casa, usar a casa é como fazer design.

Será?

É um acto criativo.

O design não é o que se vê! Não é apenas o aspecto. 

O design é uma forma de pensar, é um instrumento para melhorar a condição humana.

É enquadrar a vida.

E uma casa não é o que se vê! Usar uma casa é um ritual. Fazer design é criar e definir. É contratualizar um ritual.

Fazer design é ter interesse pelo comportamento, pela vivência, pelo quotidiano, pelas coisas simples do dia-a-dia.

Os objectos devem conversar com o utilizador. Devem encorajar comportamentos.

O design é função e fruição.

Se um espaço edificado tem impacto nos nossos sentimentos, nas nossas emoções e se tem o poder de conduzir a nossa percepção, condiciona certamente as nossas interacções físicas e emocionais. Um objecto também tem tudo isto. A escolha certa do objecto que vamos criar ainda mais!

Perante a criação de um objecto visual, tridimensional, digital, ou outro qualquer ainda por inventar, criar, parece-me claro que os valores humanos não são negociáveis. Para os conhecermos devemos ouvir. Observar. Questionar.

Observar a casa, olhar para o objecto, imaginar a sua forma.

Devemos ter pensamento crítico. Devemos deixar-nos a nós mesmos de parte. Devemos vestir a pele de um terceiro. Devemos ignorar a nossa dimensão emocional e devemos entender e aprender. Melhor, devemos apreender.

Só assim se garantem os valores humanos. Só assim se garante a função e a fruição. Só assim se garante a condição humana através do design.

No design dá-se prioridade às pessoas.

Então o que pode realmente fazer a diferença? Simples. A imaginação.

Esta casa lembra-me o modo como a usei no passado, como a senti, como imaginei. E tudo isto é muito mais importante que o aspecto.

Tal e qual como no exercício do design.

O design não é o que se vê. Nunca poderá ser apenas o aspecto. 

E uma casa também não!

O autor escreve em desacordo ortográfico.

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