PSD acusa Capoulas de não saber o que o PS impôs na AR sobre reforma florestal

Ministro da Agricultura disse que alargamento do projecto-piloto do cadastro, pedido pelo PSD, é “surreal”, porque este partido votou para que o processo se aplicasse apenas a dez concelhos.

Foto
Capoulas Santos enganou-se: quem propôs o projecto-piloto reservado a dez concelhos foi o PS Miguel Manso

Não pára a guerra entre o PSD e o ministro da Agricultura por causa da reforma florestal. Na quarta-feira Capoulas Santos classificou como “surreal” a proposta do PSD para alargar o número de concelhos abrangidos pelo projecto-piloto do cadastro simplificado a todas as autarquias atingidas por grandes incêndios este Verão que o Governo tenha autorizado a recorrer ao Fundo de Emergência Municipal. O ministro acusou os sociais-democratas de, durante a discussão da reforma florestal, terem votado contra a proposta do Governo de fazer o processo do cadastro em todo o país, de terem viabilizado a redução para dez municípios da aplicação do cadastro, e de agora quererem alargar a área.

Nuno Serra, deputado do PSD na Comissão de Agricultura e Pescas, vem agora dizer que “surreal é o ministro da Agricultura não ter conhecimento das propostas do PS durante o debate da reforma florestal; surreal é o país ter tido a área ardida que teve neste Verão e tanto desnorte na Protecção Civil; surreal é termos a fraca execução que temos no PDR [plano de fundos europeus] para a floresta e o ministro não fazer nada quanto a isso”.

Durante a discussão da proposta do Governo sobre o cadastro simplificado, o PSD votou a favor da sua proposta que previa a aplicação plena do cadastro em Janeiro de 2018, mas foi o PS que votou contra (e chumbou) o diploma do executivo para poder depois aprovar as suas alterações decorrentes de um acordo com os comunistas que estavam contra o banco de terras. E essas alterações do PS é que previam um projecto-piloto a ser aplicado durante um ano apenas nos dez concelhos atingidos pelos fogos de Junho e só ao fim do ano o cadastro seria aplicado ao resto do país. Que acabaram por ser aprovadas, com a abstenção do PSD e do CDS.

O deputado social-democrata, que é também presidente da distrital do PSD de Santarém, o segundo distrito com mais área ardida este ano segundo o ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (34.162 hectares, de um total nacional de 209.678), lamenta que se tenha feito uma “pseudo-reforma da floresta em Junho e Julho no Parlamento” que se começa a provar que “foi um fracasso, em que o PS e o Governo quiseram legislar contra tudo e contra todos, de olhos e ouvidos tapados, sem ouvir sugestões de ninguém”.

“Neste momento já devíamos estar a tratar dos projectos-piloto do cadastro para os ter prontos daqui a meio ano”, acrescenta Nuno Serra, vincando que o PSD “estava em linha com o Governo para o cadastro entrar em vigor em todo o país”.

Sugerir correcção
Comentar