Google compra parte da HTC por mais de 1000 milhões de euros

A HTC mantém a independência, mas o Google ganha metade dos trabalhadores da fabricante taiwanesa de smartphones.

Foto
O negócio deve estar concluído em 2018 Reuters/DADO RUVIC

O Google anunciou a compra de parte do negócio de smartphones da fabricante taiwanesa HTC, esta quinta-feira, por 1100 milhões de euros. O negócio, porém, não envolve dar ao Google o poder de decisão sobre o futuro da HTC (como aconteceu com a compra da Motorola).

Em vez disso, o Google vai receber cerca de metade da equipa de investigação e desenvolvimento de produtos da HTC para trabalhar exclusivamente nos seus smartphones, e ter acesso à propriedade intelectual da empresa. “Estes futuros ‘Googlers’ são pessoas fantásticas com quem já trabalhámos para a produção da linha dos nossos smartphones Pixel”, explica o vice-presidente da equipa de Hardware do Google, Rick Osterloh, num comunicado publicado esta quinta-feira.

Os restantes trabalhadores da fabricante taiwanesa continuarão a trabalhar em produtos originais da HTC, com mais 1100 milhões de dólares (cerca de 918 milhões de euros) do Google.

O objectivo do Google é aumentar as suas capacidades de desenvolvimento de hardware. Apesar da empresa de Mountain View, EUA, ser responsável pelo desenvolvimento do sistema operativo Android (usado em mais de 80% dos smartphones em todo o mundo), depende de fabricantes como a HTC, a Samsung e a Huawei para produzir os seus telemóveis. É algo que não acontece com a Apple.

“Apesar do vasto número de utilizadores, o futuro do Google no mercado de smartphones continua ameaçado pelas capacidades superiores da Apple integrar o hardware e o software em simultâneo na experiência do utilizador”, explica João Baptista, um investigador de media digitais da Warwick Business School, num email enviado ao PÚBLICO.

Em 2016, o Google lançou o primeiro smartphone com a sua própria marca, o Pixel, desenvolvido com a ajuda da HTC. A gama Nexus, lançada pelo Google há sete anos, ainda aparecia com o nome das fabricantes. “Este negócio com a HTC mostra que o Google tem as ideias internas para encaminhar o processo, mas precisa de trabalhar de perto com fabricantes para desenvolver uma experiências mais consistente entre o telemóvel e outros aparelhos”, acrescenta Baptista.

A última compra de uma fabricante de smartphones pelo Google não terminou bem. Em 2011, o Google pagou cerca de 12.500 milhões de dólares pela Motorola, mas, desde a compra, a Motorola registou prejuízos constantes no mercado dos smartphones e dos tablets. Em 2014, foi vendida à Lenovo por 2900 milhões de dólares, um valor muito abaixo do que o Google tinha pago.

Os detalhes do novo negócio com a HTC – que ainda têm de ser autorizados por reguladores – devem estar finalizados no início de 2018.

Sugerir correcção
Comentar