Puigdemont acusa Madrid de ter "suspendido de facto a autonomia da Catalunha"

Guardia Civil deteve 13 dirigentes envolvidos na organização do referendo. Rajoy pede ao presidente da Generalitat que "recue" e "cumpra a lei".

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Reuters/ALBERT GEA

A Guardia Civil espanhola deteve 13 altos quadros e funcionários do governo autónomo catalão envolvidos na organização do referendo sobre a independência de 1 de Outubro, suspenso pelo Tribunal Constitucional. Carles Puigdemont, presidente da Generalitat acusou Madrid de “agressão coordenada” e de ter “suspendido de facto a autonomia catalã”.

Entre os detidos está Josep Maria Jové Lladó, secretário-geral do Departamento de Economia catalão, que é liderado pelo “número dois” da Generalitat, Oriol Junqueras. “Estão a fazer coisas que já não víamos há décadas nas democracias ocidentais”, afirmou o vice-presidente catalão, citado pelo jornal La Vanguardia.

O diário El País adianta que foram efectuadas 22 buscas, incluindo nos edifícios dos principais departamentos do governo catalão, numa operação que terá como principal objectivo “desmantelar o núcleo duro da organização do referendo”.

A notícia da operação policial – que continua a decorrer e poderá levar a mais detenções – está já a gerar protestos, com manifestações em vários pontos de Barcelona, onde são gritadas palavras de ordem contra as “forças da ocupação”.

Puigdemont reuniu de emergência com todos os membros do executivo catalão e numa declaração lida na sede da presidência acusou “o Estado espanhol de ter suspendido de facto a autonomia” e de ter aplicado “ um estado de excepção” na Catalunha.

Assegurando que o governo que lidera tem “legitimidade democrática para defender a autonomia”, o líder do governo catalão assegurou que, apesar das ordens judiciais e dos avisos de Madrid, o referendo de 1 de Outubro irá concretizar-se. “Defenderemos o direito dos cidadãos a decidir o seu futuro”. “No dia 1 de Outubro sairemos de casas, levaremos um boletim e iremos usá-lo”, afirmou. 

Pouco antes, o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, afirmou no Parlamento que o seu executivo “está a fazer o que tem de fazer” para impedir a realização da consulta e exigiu a Puigdemont que “recue” e “cumpra a lei”.

O Tribunal Constitucional suspendeu já a lei do referendo e o embrião de uma futura Constituição catalã, aprovadas no início do mês pelo parlamento autónomo, dominado por uma aliança de independentistas.

Puigdemont e a aliança que sustenta o seu executivo insistem que a consulta irá realizar-se, apesar das ordens judiciais já emitidas e dos avisos feitos a dirigentes e funcionários públicos para que não se envolverem na organização do escrutínio.

Numa curta nota, o Ministério do Interior espanhol adianta que a “Guardia Civil mobilizou um dispositivo para recolher provas e indícios para a investigação”, cumprindo o mandado de um juiz de instrução de Barcelona. 

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