Autárquicas: os piores cenários para os partidos

O ano de (quase) todos os congressos é logo a seguir às autárquicas.

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BLR bruno lisita

O ano de (quase) todos os congressos é logo a seguir às autárquicas. Se nada acelerar o calendário, o CDS será o primeiro partido a reunir-se em congresso, em Março de 2018. Segue-se o PSD, depois o BE, a seguir o PS e, no final do ano, o PCP. As reuniões magnas serão fóruns de discussão dos resultados autárquicos.

PS: Ganhar por muitos, mas sem chatear o PCP

Estas são umas autárquicas aparentemente descansadas para o Largo do Rato. Os socialistas não esperam uma hecatombe eleitoral e nem uma disputa de liderança partidária por causa dos resultados. Se mantiverem as 150 presidências de câmara (incluindo a coligação no Funchal), e a presidência da Associação Nacional de Municípios, será uma vitória. Na verdade, a diferença entre PS e PSD é tanta (sozinho ou em coligação o PSD tem 106 câmaras o PS 150), que permite aos socialistas perderem câmaras e mesmo assim poderem declarar-se vencedores na noite eleitoral. Isto, apesar de perderem a influência no Porto (com o fim do apoio a Rui Moreira). Na verdade, os problemas para o PS poderão aparecer apenas em alguns dissabores por disputas localizadas com o PCP, sobretudo no distrito de Setúbal, e consigo próprio, como acontece em Matosinhos. Na verdade, o pior cenário para António Costa seria que o PS surpreendesse e fizesse muitas mossas ao PCP. Vencer, neste caso, poderia ter um sabor agri-doce. L.V.

PSD: Risco do PSD é humilhação em Lisboa e Porto

Com uma derrota pesada nas autárquicas de 2013, o líder do PSD parte para estas eleições com a expectativa de poder ganhar algumas câmaras, mais no interior e menos urbanas. A meta traçada por Passos Coelho – mais câmaras, mais mandatos – é assumidamente difícil, para não dizer impossível, já que o PS tem mais 43 municípios. Os sociais-democratas já pensam que, se o partido ficar a pouco mais de meio caminho, abafam as vozes dos críticos internos. O risco é se Lisboa e Porto – duas câmaras dadas como perdidas – registam resultados humilhantes. Foram escolhas de Passos Coelho e aí há quem arrisque que o partido não irá perdoar. SR

CDS: Cristas faz de Lisboa teste eleitoral

A líder do CDS, Assunção Cristas, jogou todas as fichas em Lisboa. É o seu grande teste eleitoral e é em boa parte o seu resultado que vai ditar se o próximo congresso, no primeiro trimestre de 2018, será tranquilo ou se terá de disputar a liderança do partido com outro candidato. A última sondagem da Universidade Católica, publicada esta segunda-feira no JN, coloca-a à frente da candidata do PSD, Teresa Leal Coelho, um cenário que muitos consideram impensável. O CDS terá também de manter as cinco câmaras conquistadas em 2013 e, sobretudo, não perder o seu bastião de Ponte de Lima. SR

CDU: Não perder as maiorias absolutas

Mais do que manter o mesmo número de câmaras ou de votos, o facto que pode constribuir para desestabilizar a CDU é perder as maiorias absolutas que tem. Em 2013, com pouco mais de 552 mil votos, a coligação PCP/PEV elegeu 34 presidentes, teve 29 maiorias absolutas e obteve 213 mandatos autárquicos. Évora e Beja foram dois concelhos que mudaram das mãos dos socialistas para os comunistas e pelo menos num deles, Évora, a maioria absoluta está ameaçada. Era nesse sentido que apontava um estudo de opinião recentemente publicado pelo Expresso e levado a cabo pela Eurosondagem. Em Almada, PS e BE também apostam forte, com as deputadas Inês Medeiros e Joana Mortágua. É precisamente no distrito de Setúbal (onde se situa Almada) que a preponderância da CDU se nota mais. Em 2013, os comunistas foram a primeira força política com 125.600 votos e o PS a segunda, com 78.900. Ficará assim? SS

BE: Três câmaras e uma "geringonça" em teste

Há, pelo menos, três autarquias essenciais para o BE nesta disputa autárquica – Salvaterra de Magos, Porto e Lisboa - e que podem ditar uma derrota ou uma vitória na noite eleitoral. Catarina Martins já disse querer reconquistar Salvaterra, o único concelho que o BE liderou, mas perdeu em 2013. Ao Expresso, a bloquista também afirmou que as expectativas estão concentradas em Lisboa e Porto, onde o partido não tem qualquer vereador eleito. O objectivo pode cumprir-se: de acordo com uma sondagem do JN, o candidato do BE em Lisboa, Ricardo Robles, e o comunista João Ferreira têm ambos 8% das intenções de voto. Há empate, mas a tendência mostra João Ferreira a cair, correndo o risco de perder um vereador para Robles, que pode vir a ser eleito. “Há muita gente que se aproximou do BE como sendo uma alternativa à esquerda nas autarquias”, declarou, na mesma entrevista, Catarina Martins. Este é o risco: se essa aproximação não tiver eco nas urnas, o partido que apoia a “geringonça” tirará ilações nacionais? MJL

PAN: Mais eleitos locais na mira

O PAN quer mais votos, mais eleitos, mais influência. E se não conseguir ter mais, será uma decepção para os eleitores de André Silva, o homem que dá o rosto pelo Pessoas-Animais-Natureza no Parlamento. Haverá dois anos para recuperar até às legislativas. Pela segunda vez na corrida autárquica, o PAN quer reforçar a posição de 2013 e a sua maior ambição é eleger uma vereadora em Lisboa e três deputados na Assembleia Municipal da capital. “É difícil mas é possível”, disse André Silva ao PÚBLICO há pouco mais de um mês. Em 2013, este partido concorreu em 12 municípios e elegeu cinco deputados municipais em Lisboa, Oeiras, Almada, Vila Nova de Gaia e Funchal. Agora, subiu a parada e concorre em 32 autarquias. SS

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