BE quer alívio do IRS para menos, mas "significativa"

A coordenadora do BE, Catarina Martins, não alinhou no discurso de um desagravamento geral, como Centeno, mas antes nos "escalões que foram mais penalizados pelo gigantesco aumento de impostos" do Governo PSD/CDS-PP.

Foto
LUSA/Paulo Cunha

Em declarações aos jornalistas durante uma visita ao Centro Hospitalar do Oeste, nas Caldas da Rainha, uma ação de pré-campanha para as eleições autárquicas, Catarina Martins foi questionada sobre entrevista à RTP do ministro das Finanças, Mário Centeno, na qual garantiu que o Orçamento do Estado para 2018 (OE2018) vai contemplar um desagravamento fiscal para todos os escalões do IRS e reiterou que a sobretaxa vai ser extinta no próximo ano.

"O que nós achamos é que era bom tomarmos duas decisões: que houvesse uma baixa de IRS que fosse significativa e não uma medida que fosse apenas simbólica e que, havendo um alívio do IRS, ele se deve concentrar nos escalões que foram mais penalizados pelo gigantesco aumento de impostos que fez Vitor Gaspar", explicou.

Para o BE, "é necessário aliviar os rendimentos do trabalho".

Catarina Martins recordou que "qualquer mexida no IRS tem um efeito positivo sobre todos os rendimentos", uma vez que se for criada "uma taxa intermédia para alguns rendimentos" haverá um "alívio positivo nos vários escalões".

"Achamos que é possível, por um lado, aumentar o limiar de subsistência, ou seja, aquelas pessoas que ganham tão pouco que que não conseguem pagar IRS, e depois criar dois novos escalões, dividindo ao meio o segundo e terceiro escalão do IRS e assim conseguindo um alívio de impostos para todos os que vivem do seu trabalho, concentrado naqueles escalões que foram mais penalizados pelo aumento de impostos da direita", explicou. Esta é, de acordo com Catarina Martins, a proposta do BE, que aguarda "uma contraproposta do Governo". "Quanto mais cedo este dossiê estiver fechado, melhor", salientou.

Já sobre o anúncio de Mário Centeno de que no final do ano Portugal vai ter "a maior redução em 19 anos da dívida pública em percentagem do PIB", a coordenadora bloquista afirmou que "o BE tem uma preocupação grande com o peso da dívida pública portuguesa e do endividamento externo do país", considerado que este tema "precisa de passos mais ousados, mais ambiciosos".

"O ministro Mário Centeno apresentou uma intenção, não apresentou um projeto concreto e, portanto, nós aguardamos naturalmente para saber qual é o projeto concreto", disse apenas.

O BE envolveu-se, recordou a sua líder, "num grupo do trabalho que teve o Governo, teve o PS, que tinha soluções muito concretas sobre a dívida portuguesa e a forma de conseguir alívio da dívida", havendo já "propostas que estão já em cima de mesa". "Para o BE, a receita da direita, que era combater a dívida cortando salários e pensões, não resultou. Os processos agora para diminuir a dívida pública portuguesa passam pela economia portuguesa crescer, mas também passa também por mecanismos de renegociação, de reestruturação da dívida", explicou.

Questionada se o 'timing, desta entrevista e destas medidas podem ser consideradas eleitoralistas por parte do Governo, Catarina Martins respondeu apenas: "se me perguntam se este é o momento exato para fazer estes anúncios, no BE nós tínhamos dito que preferíamos ter fechado estas questões antes de termos começado a campanha autárquica".

Sugerir correcção
Ler 1 comentários