Espanha usa cães em doentes com Alzheimer

A "activação de emoções positivas, a reminiscência, a promoção da afectividade e socialização" são os objectivos principais deste projecto de intervenção assistida com cães

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Patrick Tomasso/Unsplash

Espanha está há cinco anos a utilizar cães em doentes com Alzheimer, uma intervenção que conseguiu já benefícios a nível afectivo e emocional, segundo a investigadora responsável pelo projecto, Elisa Redondo, que estará esta semana em Portugal.

"Os objectivos principais que trabalhamos são a activação de emoções positivas, a reminiscência, a promoção da afectividade e socialização", explicou à agência Lusa a investigadora e terapeuta Elisa Pérez Redondo, responsável pela intervenção assistida com cães do Centro de Referência Estatal de Espanha dedicado a pessoas com demências.

Elisa Pérez Redondo vem esta semana a Lisboa partilhar a sua experiência na cimeira internacional sobre Alzheimer, que decorrerá a partir desta segunda-feira, 18 de Setembro, na Fundação Champalimaud, em Lisboa. Em resposta escrita à Lusa, a terapeuta adianta que os cães usados nesta intervenção com doentes com demência "têm uma educação e características concretas" para desenvolver o trabalho, orientado por pessoas da área social e da saúde e que têm formação específica.

"O que torna única a intervenção assistida com cães é o benefício que consegue a nível afectivo e emocional, o uso de cães como instrumento motivador, sempre complementado com os restantes tratamentos", referiu Elisa Redondo. Desde 2012 até agora, o Centro de Referência Estatal para o Alzheimer já desencadeou quatro investigações na intervenção com cães e, no total, recebeu mais de 120 doentes.

Os resultados dos estudos feitos mostram que durante a intervenção com os animais os doentes têm uma redução da tensão arterial, exibem menos comportamentos disruptivos e mostram condutas sociais e emocionais mais positivas. Actualmente, está a decorrer uma outra investigação que compara os comportamentos emocionais e sociais dos doentes durante as terapias farmacológicas e o seu estado durante sessões individuais com um robot terapêutico e sessões com cães.

Os doentes a incluir na intervenção assistida com cães têm de ter afecto e um interesse passado por animais e não podem ter medo de cães nem alergias ou problemas de saúde que impeçam o contacto com animais. Segundo Elisa Redondo, os objectivos gerais da terapia com cães passam por activar as emoções positivas, fomentar a auto-estima, melhorar a motivação e atenção, ampliar a estimulação sensorial e a socialização. Também se procura dar apoio na psicomotricidade fina e na coordenação motora. A importância dos cães neste projecto estatal é tão central que os animais têm direito a apresentação no site da instituição. Actualmente, fazem parte deste projecto cinco cães: dois labradores, com sete e três anos, um golden retriever de quatro anos, um teckel de dois anos e um cão sem raça específica de cinco meses.

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