Onde Boris está

Na verdade, o que ele tem estado a fazer é esperar impacientemente pela altura certa para se candidatar à liderança dos conservadores.

No sábado o site do Telegraph estava pejado de fanfarras a Boris Johnson. Eram editoriais de BJ, grandes-planos de BJ, barrigadas de prosa de BJ, ideias de BJ para o “Brexit” e a promessa que a promessa feita por BJ antes do referendo — de desviar 350 milhões de libras da União Europeia para o NHS — ainda vai ser cumprida. Está bem, está.

O Telegraph parece ter perdido todo o sentido das proporções. Será que perdeu a noção de overkill? Cada vez tem menos jeito para orquestrar uma campanha. No mesmo dia, depois de ter testado as águas com tantos torpedos, lá apareceu BJ de corpo inteiro, todo de roxo litúrgico, a dizer que afinal ele apoia Theresa May.

Pois claro que apoia. Nem lhe passa pela cabeça não apoiar a pessoa que tem feito questão de o calar. Aliás, foi esta semana, na imprensa pró-tory, que apareceram notícias a contar que BJ tem estado inactivo por ordens de TM. 

Foi isso com certeza que espicaçou BJ. Na verdade o que ele tem estado 
a fazer é esperar impacientemente
pela altura certa para se candidatar à liderança dos conservadores. TM decidiu provocá-lo. BJ caiu na esparrela e ei-lo neste sábado a reagir histrionicamente
à alfinetada.

BJ também tem medo de Jacob Rees-Mogg, o ultraconservador caricatural 
que é o anti-BJ. Rees-Mogg é honesto, fidedigno, previsível e reaccionário. Ambos são oportunistas inteligentes, mas Rees-Mogg tem uma grande vantagem sobre BJ, para além da relativa juventude: a paciência. BJ mostrou que não sabe esperar. Rees-Mogg aproveita.

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