Merkel pós-ideológica?

A chanceler tem um “sentido muito agudo para perceber o que as pessoas querem".

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FELIPE TRUEBA/EPA

Merkel mostrou desde cedo um forte talento para a política pura e dura. “Conseguiu afastar completamente todos os que podiam competir consigo, sobretudo homens”, destaca o jornalista de política do jornal Stuttgarter Nachrichten Matthias Schiermeyer.

Não há, no seu partido,a CDU, uma personalidade que se destaque – há quem aponte Ursula von der Leyen, actual ministra da Defesa, como potencial sucessora, mas esta é, diz o director do instituto Policy Matters  Richard Hilmer, ainda mais controversa na CDU do que foi Merkel.

O sucesso da chanceler deve-se a um “sentido muito agudo para perceber o que as pessoas querem”, diz Hilmer, “e não ter medo de ser pragmática”.

Há quem chame a Merkel a chanceler pós-ideológica, ou a chanceler “all inclusive”. Medidas como o fim do serviço militar obrigatório, o fim da energia nuclear e, recentemente, o casamento entre pessoas do mesmo sexo aproximam-na do SPD. A desvantagem é o fortalecimento da direita xenófoba Alternativa para a Alemanha (AfD).

Merkel é ainda acusada de evitar a polarização e usar uma tática de desmobilização assimétrica: ao adoptar medidas dos seus opositores, os eleitores fiéis desses partidos ficam menos motivados para votar. A sua aproximação ao centro faz com que perca também alguns dos seus eleitores, mas não tanto – a desmobilização afecta mais os outros. “Essa foi claramente a tática da última eleição, e continua a ser um pouco usada nesta, mas vai resultar cada vez menos”, diz Hilmer.

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