O festival de entretenimento digital Trojan Horse quase já não cabe em Tróia

Aos cinco anos, evento que reúne centenas de artistas da ilustração aos jogos, passando pelo cinema e TV, pode estar de saída para Malta. Trojan Horse was an Unicorn recebe quase mil artistas de 18 a 23 de Setembro.

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São cinco anos de Trojan Horse was an Unicorn (THU) e o festival de “criadores onde se junta o ecossistema todo” das artes digitais, jogos, cinema e televisão, recebe em Tróia a partir deste domingo cerca de 900 visitantes. Dezasseis empresas estão em recrutamento, entre as quais a Industrial Light and Magic ou a Rise, recebendo mais de 250 candidatos a um emprego na ficha técnica de produtos de entretenimento digital (e não só). Mas este pode ser o último ano do festival português em Tróia – e em Portugal. Malta é o destino possível.

“Existe vontade de permanecer em Portugal”, diz ao PÚBLICO André Lourenço, fundador do encontro, e sobretudo depois do apoio demonstrado pelo Governo e pelas autarquias de Setúbal e Grândola após um ameaço de saída do THU para o estrangeiro, em 2015. Desde então o encontro tem um apoio de cerca de 100 mil euros, ocupando parte das estruturas hoteleiras de Tróia durante uma semana em Setembro e trazendo nomes ligados aos mais importantes e rentáveis títulos dos videojogos ou Hollywood, de Candy Crush a Harry Potter.

Mas as entidades públicas, “que têm ajudado ao máximo, têm orçamentos e estruturas limitadas”, diz André Lourenço, que tem no influente produtor Scott Ross o principal embaixador internacional do festival. E Tróia e os seus centros de congressos e auditórios estão a revelar-se pequenos para um encontro que em 2016 recebia 600 pessoas e este ano roça as 900, das quais a grande maioria são compradores de bilhetes no valor de mais de 500 euros. “O THU tem necessidades que a estrutura não está a acompanhar”, lamenta André Lourenço, “agradecido” pelo reconhecimento dos dois últimos anos e satisfeito por ter hoje o THU como um ”evento independente”, com orçamento de 1,4 milhões de euros, sobretudo graças aos ingressos (cerca de 500 euros) e aos patrocínios. Até a electricidade falta na península para acolher um evento focado em animação, efeitos visuais, filmes e artes digitais, obrigando ao uso de geradores em muitos espaços.

Malta, país que tem patrocinado o THU nas suas edições internacionais, tem em vista “poder fazer crescer a comunidade em torno do THU” e chamar mesmo as empresas que fazem parte da sua galáxia, diz André Lourenço. A possível transição do THU para aquele país está em negociações, que devem ficar fechadas no próximo mês.

Centenas de participantes, na sua maioria jovens adultos que este ano vêm de 70 países, esgotam os bilhetes para o THU em semanas. Um número crescente de empresas vem analisar portefólios (dias 18 e 19), fazer orientação de carreira e cada vez mais oradores chegam para masterclasses, palestras e workshops entre os dias 20 e 23 – este ano destacam-se, entre os mais de 65 oradores e cerca de 59 convidados, Cephas Howard, um dos designers responsáveis pelos jogos da Lego, o director de animação Brad Lewis (Carros, Ratatui), a especialista em desenho de criaturas e personagens Terryl Whitlatch (Star Wars, Jumanji), Marc Simonetti (a Guerra dos Tronos), Rob Bliss (Harry Potter) ou os repetentes Paul Briggs (Disney) e Claire Wendling (DC Comics, Disney). A organização destaca também o foco na imprensa estrangeira, generalista e especializada, que este ano estará a acompanhar o festival, como o Guardian, a revista Wired ou o TechCrunch.

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