Retro-wifi vintage

Portugal está cheio de estabelecimentos arcaicos que ainda têm wifi.

Portugal está cheio de estabelecimentos arcaicos que ainda têm wifi. Chegam turistas para tirar selfies junto ao cartaz vintage em que patuscamente se indica a password, que é de sempre afectuosa, como ilovelisbon.

Abrem-se portáteis lado a lado e começa-se a jogar ao queixume paralelo. Em vez de falar do tempo fala-se no acesso. Está lento. Não, está é muita gente a bombar. Só naquela mesa está uma turma de 16 adolescentes holandeses, todos entediados, com os narizes enfiados nos telemóveis e os dedinhos a coçar os ecrãs, mudando os bonecos.

Agora bloqueou. Ó não! Liga e desliga. Estás a fazer algum download? Não, és maluco. Tenta fechar algumas páginas. Não estou a conseguir. Espera aí... Faz um speedtest. Não dá. Para fazer um speedtest é preciso um mínimo de speed. Ha ha: o som do riso fingido que é próprio de quem está a mexer em computadores num lugar público.

Agora acelerou. Bem... agora está melhor. Consegues ver um vídeo no YouTube? Sim. Não. Está às voltinhas. Ganda lata. Lembras-te quando nos queriam fazer acreditar que o buffering tinha acabado, que era uma relíquia do século XX? Mentira. Diz que está loading mas não está a carregar porra nenhuma. Tem paciência. Pode mesmo estar a carregar. Está bem, vou esperar um bocadinho. E então? Está na mesma! Continua a loadar? Claro que não, está a bufferingar à grande.

Vou queixar-me ao TripAdvisor: o wifi é péssimo. Não estou a conseguir. Espera aí, achas que é de propósito? Estes sacanas, pá...pensam em tudo!

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