Doença cardíaca é a principal causa de morte prematura nos países mais ricos

Já nos países mais pobres prevaleceram as infecções respiratórias.

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Dieta alimentar pobre (com alto teor de sal e pouca fruta e legumes) foi responsável por uma em cada cinco mortes Adriano Miranda

Mais de nove milhões de pessoas morreram, em 2016, com cardiopatia isquémica, doença cardíaca que lidera a lista de causas de morte prematura nos países mais ricos, num estudo divulgado esta quinta-feira pela revista médica britânica The Lancet.

Segundo o estudo Global Burden of Disease 2016, que abrangeu 195 países e territórios, incluindo Portugal, 9,48 milhões de pessoas morreram no mundo, em 2016, com cardiopatia isquémica, “a principal causa de morte prematura em todas as regiões”. A excepção acontece nos países mais pobres, onde as infecções respiratórias prevaleceram.

A morte por cardiopatia isquémica, que se caracteriza por diminuição do fornecimento de sangue ao miocárdio (músculo cardíaco), aumentou, em termos globais, 19% desde 2006, indica o trabalho, coordenado pelo Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.

De acordo com a meta-análise, que avalia dados de 1970 a 2016 sobre as causas de morte e doença no mundo, a diabetes matou, no ano passado, 1,43 milhões de pessoas, representando uma subida de 31,1% em dez anos.

Em geral, as mortes por doenças infecciosas diminuíram, com excepção das provocadas por dengue (que aumentou na última década 81,8%, para 37.800 óbitos em 2016) e tuberculose multirresistente (que cresceu 67,6%, para 10.900 óbitos em 2016). O estudo realça que em 2016, apesar dos progressos alcançados desde 2006, um milhão de pessoas morreu de sida, 1,21 milhões de tuberculose e 719.500 de malária. No ano passado, o tabaco foi responsável pela morte de 7,1 milhões de pessoas e as dietas alimentares pobres (com alto teor de sal e pouca fruta, peixe ou leguminosas) por uma em cada cinco mortes.

Na última década, o número de pessoas que morreram em guerras e ataques terroristas aumentou 143%, para 150.500 em 2016, uma consequência, em grande parte devida a conflitos no Norte de África e no Médio Oriente, segundo o estudo, citado em comunicado pela The Lancet.

As mortes provocadas por armas de fogo aumentaram igualmente no mesmo período. Mais de 67 mil pessoas morreram por autodisparos, o que equivale a uma subida de 4,3% desde 2006, e 161 mil em assaltos, um crescimento de 5,7%.

O Global Burden of Disease, revisto anualmente, salienta que a taxa de mortalidade desceu em todas idades, com o maior progresso a ser registado em crianças com menos de cinco anos, em que o número de óbitos caiu para menos de cinco milhões em 2016 (em 1970, morreram 16,4 milhões de crianças com a mesma idade). Em 2016, de acordo com os dados, o número de nados-vivos atingiu os 128,8 milhões e o de mortos 54,7 milhões (mais 11,9 milhões face a 1970).

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