Enfermeiros voltam à greve no início do próximo mês

Desta feita é o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses a convocar a paralisação entre 3 e 5 de Outubro depois de não ter chegado a acordo com o Governo numa reunião mantida esta quinta-feira.

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LUSA/RODRIGO ANTUNES

Haverá nova greve de enfermeiros no início do próximo mês, depois de a Comissão Negociadora Sindical dos Enfermeiros não ter chegado a acordo com o Ministério da Saúde na reunião mantida esta quinta-feira. A greve será convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que não tinha aderido à paralisação desta semana que terminará esta sexta-feira e já levou ao adiamento de seis mil operações.

Na reunião mantida esta quinta-feira entre o ministério e a comissão, que agrega sindicatos afectos à CGTP (Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e Sindicato dos Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira, a ala que ficou fora da greve nacional que está em curso), “houve uma evolução” na posição da tutela. Esta evolução verificou-se em matérias como a reposição do valor integral das “Horas de Qualidade/Penosas”, o Acordo Colectivo de Trabalho de 35 horas semanais para enfermeiros com contrato individual de trabalho e a diferenciação remuneratória dos enfermeiros especialistas através da mudança de posição, três das matérias que estavam em discussão, contou ao PÚBLICO a dirigente do SEP Guadalupe Simões.

O sindicato considera, no entanto, que as propostas são “insuficientes” e, por isso, vai convocar uma greve. A paralisação será marcada para os próximos dias 3, 4 e 5 de Outubro, Os restantes sindicatos do sector vão ser convidados para “discutir convergências de lutas”, avançou Guadalupe Simões.

Governo e comissão negociadora já tinham reunido na terça-feira, num encontro que terminou sem conclusões. As duas partes têm mantido várias reuniões desde 22 de Março.

Esta sexta-feira termina a greve convocada por Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem (SIPE) e pelo Sindicato dos Enfermeiros e que dura desde segunda-feira. A paralisação – convocada depois de o Governo ter recusado a proposta de actualização gradual dos salários e de integração da categoria de especialista na carreira feita por estes sindicatos – tem tido níveis de adesão entre os 80 e os 90% ao longo dos quatro dias, segundo as estruturas sindicais.

Adiadas seis mil cirurgias

Além da greve, os enfermeiros têm convocado manifestações um pouco por todo o país. Esta sexta-feira o protesto chega às ruas de Lisboa.

O presidente do Sindicato dos Enfermeiros, José de Azevedo, garantiu à agência Lusa que, desde o início da greve, já foram adiadas seis mil cirurgias de rotina. O cancelamento das operações foi recebido com "alguma preocupação" pelo bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães. "Estou a manifestar preocupação relativamente aos doentes. Naturalmente que as greves têm sempre algum prejuízo lateral para os doentes", afirmou Miguel Guimarães aos jornalistas, à margem da participação num evento na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Para o bastonário, o Governo e o Ministério da Saúde "devem encetar diálogo com os enfermeiros, nomeadamente com os sindicatos, e tentar chegar a um acordo equilibrado, dentro das possibilidades do próprio país, no sentido de atender a, pelo menos, uma das reivindicações dos enfermeiros, que é os enfermeiros especialistas terem uma remuneração melhor".

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