Fotolivro

Os olhares da “dignidade do povo cigano”

Sukh Bai, 6 anos, tribo Nat, Pushkar, Rajastão, Índia, 2015 ©Christine Turnauer
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Sukh Bai, 6 anos, tribo Nat, Pushkar, Rajastão, Índia, 2015 ©Christine Turnauer

A viagem da fotógrafa austríaca Christine Turnauer começou na zona noroeste da Índia, em 2015, e terminou em Montenegro no ano seguinte. Os rostos e as vivências das comunidades ciganas que se fixaram no território que separa esses dois pontos geográficos são o tema central do fotolivro The Dignity of the Gipsies, editado este mês com o carimbo da editora Hatje Cantz. "A minha linguagem é puramente visual (…). Não sou socióloga, jornalista ou antropóloga. Tento apenas compreender o que vivencio e captar o momento", descreveu Turnauer, em comunicado enviado ao P3 por e-mail. "A Europa de Leste é a região histórica onde a maioria das comunidades de etnia cigana se concentra. Há alguns séculos estabeleceram-se na região dos Balcãs. Os seus antepassados migraram, há mais de mil anos, desde o subcontinente indiano [região peninsular do Sul da Ásia onde se situam os estados da Índia, Paquistão, Bangladesh, Nepal e Butão] até à Europa. A sua cultura étnica cresceu e desenvolveu-se tendo por base um longo e complexo processo de constante interacção com a cultura dos povos que os rodeavam. A heterogeneidade da cultura cigana actual deve-se ao facto de as comunidade se encontrarem dispersas por diferentes países, em contacto com outras culturas e respectivos backgrounds históricos." Essa diversidade encontra reflexo no trabalho fotográfico de Turnauer, que documentou as vidas de homens, mulheres e crianças das diversas comunidades ciganas através da Índia, Hungria, Roménia, Kosovo e Montenegro. A fotógrafa, agora com 72 anos, cruzou-se com criadores de camelos, artesãos, comerciantes, acrobatas, músicos, e relatou as suas histórias — que "emergem comummente de situações de pobreza ou conflito". Christine, que se considera uma humanista, não pretende com este trabalho "apagar os traços de privação" dos retratados ou "fazê-los parecer mais belos do que realmente são"; procura, sim, captar os olhares, as expressões, os modos de vida destas pessoas e elevá-las, homenageá-las, revelando-as "na sua plena dignidade".

Latif Bhai, 50, criador de camelos, Pushkar, Rajastão, Índia, 2015 ©Christine Turnauer
Jaswant, 7 anos de idade, tribo Gadia Lohar, Rajastão, Índia, 2015 ©Christine Turnauer
Bhuli, 100 anos de idade, da tribo Banjara. Sikanderpur, perto de Nova Deli, Índia, 2015 ©Christine Turnauer
Sharada, 30 anos, cesteira, em Barmer, Rajastão, Índia, 2015 ©Christine Turnauer
Tanja Adzovie, 25 anos, em Konik, perto de Podgorica, Montenegro, 2016 ©Christine Turnauer
Milu, 40 anos, com os filhos Georgie, de seis anos, e Janos, de quatro anos. Transilvânia, Roménia, 2016 ©Christine Turnauer
Andrea, 4 anos, em Baia Mare, Maramures, Roménia, 2016 ©Christine Turnauer
Claudiu, 8 anos, Rua Cantonului, Cluj Napoca, Roménia, 2016 ©Christine Turnauer
Manu, 8 anos, numa lixeira em Pata Cluj, Roménia, 2016 ©Christine Turnauer
Capa do fotolivro