Carta aberta à juventude

Como querem que aceitemos ofertas de emprego castradoras que exigem cinco anos de experiência para um mero estágio profissional?

Foto
Everton Vila/Unsplash

Queridos jovens,

ser jovem é bom, mas às vezes é desmotivador.

Parece que a juventude é tida como rebelde, malandra e menos educada. O que não se aplica, na maior parte das vezes.

O mundo é agridoce para todos nós, jovens. Aparentemente temos mais energia e aguentamos melhor uma noite de borga. Muitos de nós somos mais livres, temos mais tempo, somos apaixonados pela vida.

A nossa irreverência é muitas vezes tida como libertinagem. Mas como querem que aceitemos ofertas de emprego castradoras que exigem cinco anos de experiência para um mero estágio profissional? Já para não falar nas ofertas que requerem mil e uma habilitações e oferecem o salário mínimo.

Como querem que aceitemos os aumentos constantes de propinas no ensino superior? Já para não falar no difícil acesso a bolsas de estudo de investigação para algumas áreas profissionais.

Como querem que baixemos os braços e não lutemos fazendo greve? Já para não falar nos inúmeros textos de manifestação que circulam pela Internet.

Nós, jovens, estamos enjaulados. Enjaulados num mundo de luta desigual e de desrespeito. Enjaulados na nossa própria juventude.

Há quem lute e conquiste. Quem tenha mérito e quem não se resigne. Há quem encontre o seu caminho.

Depois há quem seja insatisfeito. Muitos buscam um mundo melhor. Outros já se conformaram.

Temos de nos libertar e gritar pela nossa juventude. Temos de nos unir e mostrar que somos capazes. Que somos bons.

Sim, jovens, nós somos bons. (Alguns de nós, vá.)

Mas os que são bons, são bons e não interessa a idade.

Queridos jovens, acreditem num futuro melhor e sorriam, porque mesmo nos dias em que perguntam "Juventude, para que te quero?", há algum avô de 80 anos que dava tudo para ter 25.

Força nisso!

Vamos conquistar o mundo.

Juviais cumprimentos,

Uma jovem com quase 30

Sugerir correcção
Comentar