Cartas ao director

O dia das eleições

É sempre a mesma bambochata, o dia das eleições em Portugal é como se fosse uma coisinha feita de cristal que é preciso tratar com o máximo dos cuidados não vá desfazer-se ao mais leve sussurro.

A abstenção tem vindo a aumentar a cada novo sufrágio, o povo eleitor parece cada vez mais arredado das urnas e das cruzinhas no boletim de voto. Tenta-se explicar a a abstenção das mais variadas formas: o povo baldou-se porque estava a chover ou porque estava calor e foi para a praia. Ou porque era um fim-de-semana prolongado e emigrou em direcção ao Sul, ou porque outra coisa qualquer.

Em suma, todas as razões são boas para não votar. Não é que o povo se esteja a marimbar para o seu dever cívico, não! O povo até queria cumprir o ritual democrático mas há sempre qualquer coisa a distraí-lo.

Desta vez a questão de lesa-democracia é a marcação de um jogo de futebol entre o Porto e o Sporting para as 18 horas desse dia 1 de Outubro de 2017. Haverá alguém que deixe votar porque se joga futebol lá para o fim da tarde? Se isso acontecer parece-me que o problema é do eleitor e não do jogo. Tal como não me parece correcto culpar a chuva ou o sol da falta de cultura democrática.

Talvez os partidos políticos e os candidatos e os meios de comunicação social tenham algumas culpas no cartório. Mas não, o futebol é bem mais fácil de culpar.

 Rui Silvares, Cova da Piedade

 

Palavras sensatas

O PS pode sempre contar com o PSD para a discussão de opções importantes do futuro. Estas palavras sensatas de Maria Luís Albuquerque, vice-presidente dos sociais-democratas, contradizem o recente não categórico de Passos Coelho a António Costa, indo de encontro ao desejo do actual Governo de ver o Plano Nacional de Infra-estruturas aprovado por maioria de dois terços. O país só pode congratular-se pelas afirmações de Maria Luís Albuquerque. Recordo, a propósito, uma entrevista que fiz ao saudoso Barbosa de Melo, em que me dizia ser indesejável para a democracia a hostilidade entre o PSD e o PS. Com esta sua afirmação, Maria Luís pode estar, também, a posicionar-se para a liderança do PSD. Embora não a considere uma boa candidata – Rui Rio é preferível –, estou nos antípodas de João Miguel Tavares. Quando diz que o melhor para o PSD seria Passos continuar, acho, com toda a franqueza, que seria mesmo o pior! Um remake na liderança era oferta numa bandeja ao PS.

Simões Ilharco, Lisboa

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