Cartas ao director

Depois dos equipamentos

Circulando hoje pelo país, é inquestionável o enorme aumento de infra-estruturas e equipamentos culturais, sociais e desportivos realizados nos últimos 15/20 anos, alguns até em redundância e sem a mínima e necessária coordenação e cooperação entre vizinhos. Para estas próximas eleições autárquicas dificilmente se poderá dizer que a prioridade seja “construir equipamentos”. Excepção notória em Coimbra, onde ser quer lá construir... um aeroporto. Como já há o de Beja parado no Alentejo, o Centro também tem todo o direito a ter o seu e depois talvez seja a vez de Vila Real ou Mirandela.

A prioridade parece-me estar agora mais na utilização efectiva dos equipamentos construídos, só que isso não se faz apenas com dinheiros, venham eles de Lisboa, Berlim ou Bruxelas. Há algo de fundamental para fazer acontecer no desporto, na cultura e na intervenção social em geral, que são as vontades. [...] Essa mobilização precisa de algo mais valioso do que o dinheiro. Uma liderança credível e motivadora, com sérias qualidades humanas, vindas de gente que circule numa órbitra diferente da dos “jotinhas” recém-promovidos e dos caciques arrogantes. Veremos qual será o resultado final da coragem dos partidos em dar lugar a tais perfis, da capacidade de mobilização da sociedade civil para avançar com alternativas onde a partidocracia não deixou espaço... e do discernimento dos eleitores no dia D.

Carlos J. F. Sampaio, Esposende

Contradições desumanas

Como é possível Luanda ser a cidade mais cara do mundo, segundo se fala e melhor se paga, quando falta tudo do mais elementar para os habitantes de Angola? [...] Também constatamos que Lisboa está a ser uma das cidades mais caras da Europa, chegando a ultrapassar a cidade de Berlim. Se o nível de vida português, incluindo os vencimentos praticados — e excluindo as mordomias de topo —, são dos mais baixos da Europa, como é possível tal situação?

Parece-nos que o turismo de massas e o aburguesamento de muitos que há bem pouco tempo diziam pertencer ao proletariado estão a ser os principais causadores deste galopante aumento do custo de vida, pelo que os pobres cada vez serão mais miseráveis e o desregramento social será cada vez maior, para pior. E como “de boas intenções está o inferno cheio”, melhor seria e será não darmos ouvidos àqueles que muito piam e pouco acertam, no sentido lato da governação de uma nação que cada vez gasta mais para se manter à tona da sobrevivência.

José Amaral, V.N. Gaia

Comer, amar e ler

A média diária de vendas em banca de um jornal não significa melhor informação e mestria na arte da escrita. Segundo números da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), 2920 órgãos de comunicação lutam por um lugar ao sol na área da comunicação social em Portugal. Desse universo de informação, 140 são jornais diários, 154 semanais, 179 mensais e 106 são publicações quinzenais. Parafraseando o título do célebre filme de Ryan Murply (Comer, Rezar e Amar), comer, amar e ler jornais contribuem para o bem-estar.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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