O Irão está a cumprir o acordo nuclear, diz agência de energia atómica

Donald Trump quer denunciar o que foi um trunfo diplomático de Obama. A AIEA diz que Teerão não está a violar os seus compromissos.

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Estudante iraniana numa manifestação de apoio ao nuclear Morteza Nikoubazl/REUTERS

 O Irão está a cumprir as cláusulas do acordo que assinou em 2015 com seis potências mundiais, afirmou o director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), contrariando as alegações de Washington de que o país estaria a faltar ao acordado.

A cada três meses, o Departamento de Estado norte-americano tem de notificar o Congresso sobre o comportamento do Irão. A próxima comunicação será em Outubro, e o Presidente Donald Trump já fez saber que crê que irá ser declarado o não-cumprimento iraniano do acordo assinado durante a presidência de Barack Obama. 

Yukiya Amano, director-geral da AIEA, afirmou que o Irão não faltou às suas promessas e que não está a receber tratamento especial. “Os compromissos sobre o nuclear assumidos pelo Irão estão a ser postos em prática”, pode ler-se no texto do discurso proferido esta segunda-feira na reunião trimestral da assembleia governativa da instituição.

A maior parte das sanções contra o Irão foi levantada há 18 meses e, embora tenha ultrapassado o limite de armazenamento de um produto químico, o país tem seguido as limitações mais relevantes do acordo.

Em Abril, Trump ordenou uma revisão da suspensão das sanções ao Irão, negociada por Barack Obama no âmbito do acordo sobre o nuclear, questionando sobre se essa medida seria do interesse da segurança nacional americana. Trump já lhe chamou “o pior acordo alguma vez assinado”.

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, deslocou-se no mês passado a Viena, onde se encontrou com Amano para discutir a questão do Irão e pedir à AIEA que inspeccione as bases militares iranianas.

O Irão descartou tais pretensões, chamando-lhes “um sonho”.

O país está sob a alçada de um Protocolo Adicional, que vigora em dezenas de países e que dá à AIEA acesso a todas as instalações, incluindo as militares, onde seja necessário clarificar dúvidas ou inconsistências.

“Continuaremos a implementar o Protocolo Adicional no Irão, tal como fazemos noutros países”, afirmou Amano.

Adicionalmente, a AIEA pode requerer o acesso a instalações iranianas, incluindo as militares, se tiver suspeitas sobre actividades ou materiais que possam violar os termos do acordo, mas precisa previamente de mostrar ao Irão as bases de tais suspeitas.

Tal significa que são necessárias informações novas e credíveis sobre uma eventual violação do acordo antes de se poder avançar com novas inspecções, dizem fontes da Agência e de países envolvidos. E não há qualquer indicação de que Washington tenha apresentado esse tipo de informações.

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