A Paixão da nova temporada da SIC, o "hábito" das novelas e a "robustez" da marca

Rentrée do canal de Carnaxide marcada por nova produção ambiciosa na ficção da telenovela e pelo sublinhar da "establidade" do canal pelo CEO do grupo Impresa nos seus 25 anos.

Foto
nUNO fERREIRA sANTOS

Uma nova novela nacional do formato que é um velho conhecido dos canais abertos, agora com Paixão, ou o regresso do concurso com celebridades Vale Tudo são os destaques da nova temporada da SIC. Um canal que, apesar da crise na Impresa, "está muito bem e recomenda-se", como disse ao PÚBLICO Francisco Pedro Balsemão, CEO do grupo. 

Numa apresentação com ambiente de gala informal ao final da tarde desta segunda-feira no Teatro Tivoli, em Lisboa, o anfitrião foi o apresentador João Manzarra, que regressa à antena com o programa Vale Tudo, depois de duas edições em 2013 e 2014. A grelha da temporada, um sublinhar de rentrée num tempo em que a televisão sente um pouco menos as estações do ano, visa "mostrar as nossas ideias, o que consideramos que os nossos espectadores, anunciantes, stakeholders pretendem de nós", disse no final Francisco Pedro Balsemão ao PÚBLICO. A sala estava cheia das chamadas "caras do canal", actores, apresentadores, jornalistas e profissionais de bastidores. 

Esta é a nova grelha dos 25 anos da SIC, o primeiro canal privado a emitir em Portugal mas o segundo nas audiências. E aquele que frisa ao público no teatro, na voz do CEO do grupo Impresa que o detém, "que a robustez da marca SIC resulta da sua estabilidade" por ser o canal em que "há 25 anos o accionista principal é o mesmo". Aliás, "nos próximos tempos seremos também a televisão com a maior estabilidade em Portugal" — uma possível alusão de Francisco Pedro Balsemão à compra da Média Capital e da líder TVI pela Altice. Entretanto, a Impresa anunciou há dias que pondera fechar ou vender muitas das suas publicações na imprensa, e tem uma divida de 189 milhões.

"Não houve redução" de orçamento para a direcção de programas, responde ao PÚBLICO um dos seus dois responsáveis, Luís Proença (que divide o cargo com Gabriela Sobral). Nomeadamente na ficção nacional, onde a nova novela foi rodar à África do Sul. Premiado na ficção — Francisco Pedro Balsemão falou à audiência do Tivoli na "Hollywood de Carnaxide" —, o canal vai estrear dia 18 a sua nova novela, que vem substituir Amor Maior. Paixão é novamente produzida pela SP Televisão e protagonizada por Margarida Vila-Nova, Joana Solnado, Albano Jerónimo e Marco Delgado. A Paixão juntar-se-á “em breve” O Outro Lado do Paraíso, de Walcyr Carrasco, uma estreia da Globo.

Numa altura em que muita da atenção sobre a televisão está nas séries e outros formatos mais curtos de ficção, a aposta continuada nas novelas “tem a ver com os hábitos que os portugueses têm enraízados, sobretudo as pessoas que continuam a estar numa relação agarrada, permanente com a televisão”, explica Luís Proença. “O género telenovela é um género que temos vindo a desenvolver, na produção de ficção em Portugal, de uma forma muito aguda”, lembra, pelo que “não faz sentido descontinuar” o segmento na SIC. Mantém contudo em aberto a possibilidade futura de o canal que nos anos 1990 se destacou na produção de telefilmes de “vir a dar outros passos noutro género” televisivo de ficção.

Clara de Sousa e Conceição Lino foram os nomes da informação da SIC que subiram ao palco para destacar títulos da nova temporada, nomeadamente outro regresso: E se Fosse Consigo?, de Conceição Lino, volta para uma segunda temporada de um programa que mistura casos reais e temas da actualidade e se estreia dia 25. "Coloca cada um de nós no lugar do outro" em situações de discriminação, saúde ou identidade de género, por exemplo, "questiona o país" e as "instituições, o Estado", diz Lino. No mesmo plano, retornam as Vidas Suspensas de Sofia Pinto Coelho ou a investigação de Pedro Coelho ao Polvo do grupo Espírito Santo. De segunda a sexta-feira, às 19h, com estreia já nesta segunda-feira, passa Linha Aberta, uma dose de crime e justiça antes do jantar com Hernâni Carvalho, que transita da posição conhecida de comentador dos programas diurnos do canal de Carnaxide. 

Os balões vermelhos em forma de coração já estavam quase todos pelo chão quando se abriu espaço para os filmes de Natal (Batman vs. Super-Homem, Mad Max: Estrada da Fúria, Interstellar ou O Marciano) e para os canais temáticos da SIC, onde se mantêm os Kitchen Nightmares de Gordon Ramsay, a animação de Dragon Ball III (SIC Radical), Masterchef Austrália (SIC Mulher) ou transmissões de cerimónias como as dos Emmys já dia 17 na SIC Caras. É um canal que carrega o nome da revista que o grupo Impresa deixou em aberto se vai ou não vender. Os canais temáticos do canal de Carnaxide têm sofrido, ao longo dos anos, várias mudanças de nome e afinações de foco, mas Francisco Pedro Balsemão deixa em aberto se pondera ou não vender a revista cor-de-rosa e ter de mudar algo no alinhamento da marca SIC. “Temos as marcas sob avaliação, isso pode significar que há marcas que ficam sob o nosso portefólio”, respondeu, dizendo nada ter ainda mudado nesse processo em que só o semanário Expresso está garantido.

 

Sugerir correcção
Comentar