Haiti poupado ao pior da devastação que o Irma espalha pelas Caraíbas

Furacão baixou para categoria 4 e já começou a ser sentido nas Bahamas. Autoridades norte-americanas avisam que tempestade pode "devastar" a Florida ou outro estado vizinho.

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O Irma chegará à Florida no sábado ANDRES MARTINEZ CASARES/Reuters/

O furacão Irma mantém a sua rota de destruição através das Caraíbas, tendo atingido com intensidade durante a última noite as ilhas de Turcos e Caicos e as Ilhas Virgens, antes de seguir caminho em direcção às Bahamas e Cuba. Segundo as primeiras informações terá causado menos estragos do que se temia na costa norte do Haiti, o país mais pobre da região. Já na Florida, as autoridades preparam-se para a chegada de uma tempestade que poderá ser "devastadora".

Nas últimas horas, os ventos no interior da tempestade baixaram de intensidade, primeiro para rajadas na ordem dos 260 quilómetros por hora, acima do limiar da categoria 5 na escala de Saffir-Simpson, e depois para rajadas na ordem dos 250 Km/h, fazendo com que o Irma seja agora um furacão de categoria 4.

Na sua rota estão agora as Bahamas, onde as autoridades esperam uma subida do nível da água de seis metros, deixando vulneráveis a inundações parte do território, seguindo depois para Cuba, onde cerca de 51 mil turistas foram retirados de resorts turísticos na costa norte da ilha.

Durante a noite, o Irma atingiu as ilhas de Turcos e Caicos, território ultramarino britânico situado a norte da República Dominicana que nunca antes tinha sido atingido por um furacão de categoria 5. “Estamos à espera de inundações, tanto provocadas pela precipitação como pela subida do mar. Podemos não ser capazes de socorrer toda a gente a tempo”, alertou Virginia Clerveaux, responsável pelo Departamento de Gestão de Emergências das ilhas.

Os poucos turistas que ali permanecem estão alojados em hotéis, que acolheram também vários residentes forçados a deixar as suas casas em zonas mais vulneráveis. Uma testemunha contou que mesmo as paredes e telhados das habitações mais sólidas tremiam com a força do vento e que a passagem da tempestade provocou uma queda na pressão atmosférica tal que as pessoas a sentiram no peito.

Nas Ilhas Virgens americanas, pelo menos quatro pessoas morreram em consequência da tempestade, adiantou o governador local, revelando que um dos principais hospitais do território sofreu danos graves. Há também registo de três mortos em Porto Rico, onde dois terços da população ficou sem electricidade, de uma vítima mortal na ilha britânica de Anguilla e de uma outra em Barbados.

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Mortes que elevam para pelo menos 14 o número de vítimas mortais provocadas pela tempestade mais forte que alguma vez atingiu o Norte das Caraíbas e uma das mais fortes de sempre na bacia do Atlântico.

No entanto, os piores receios não se confirmaram no Haiti, massacrado há um ano pelo furacão Matthew. O furacão passou a norte da ilha Hispaniola, divida entre a República Dominicana e o Haiti, provocando inundações e ventos fortes, mas com menor intensidade do que noutras zonas das Caraíbas. Há notícias de edifícios danificados e árvores derrubadas na cidade portuária de Cap-Haïtien e pelo menos três feridos. As fortes chuvadas fizeram também subir o nível das águas derrubando uma ponte que atravessa um rio na fronteira entre os dois países.

Na Florida, onde o Irma deverá chegar durante o dia de sábado, os preparativos continuam em ritmo acelerado. Em declarações na manhã desta sexta-feira, o director da agência federal de gestão de situações de emergência, Brock Long, avisou que “o furacão Irma continua a representar uma ameaça que vai provocar devastação nos EUA, seja na Florida, seja noutros estados do sudeste”. O responsável calcula que cem mil pessoas possam ficar desalojadas e que boa parte do estado permaneça sem electricade durante vários dias. 

Cerca de 500 mil residentes das áreas costeiras receberam ordem de evacuação e em Miami os habitantes continuam a correr aos supermercados e estações de serviço para comprar água engarrafada, alimentos e combustível. “Se olharmos para o tamanho desta tempestade vemos que é enorme”, afirmou quinta-feira à noite o governador estadual, Rick Scott. “É maior do que todo o nosso estado e pode causar um grande impacto e ameaçar vidas em ambas as costas.”

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