Porto Photo Fest. A cidade invicta já tem um festival de fotografia

Anna Gunn nunca percebeu porque é que os grandes fotógrafos iam “para o Dubai, para os Estados Unidos, para o Reino Unido ou para Veneza e ninguém vinha para o Porto”. Então, decidiu criar ela um festival de fotografia.

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Na próxima quarta-feira, vai inaugurar, no CPF, a exposição Retratos sem Medo, de Amani Alshaali, Bëata Rydén, Brooke Shaden, Hanna Wallsten, Joel Robison, Margherita Introna, Paulo Carvalho e Sabine Jacobs. Barbara Raquel Moreira

O dia mundial da fotografia celebrou-se a meio do mês de Agosto, mas é na próxima semana que chega ao Porto a primeira edição do Porto Photo Fest, um festival de fotografia "criado por fotógrafos, para fotógrafos", uma iniciativa de Anna Gunn. De 11 a 17 de Setembro, há masterclasses e workshops com profissionais internacionais, como John Stanmeyer, da National Geographic, David Nightingale e Cradoc Bagshaw. O festival inclui ainda a exposição Retratos sem Medo, no Centro Português da Fotografia (CPF), e uma discussão pública sobre a Imaginação na Educação, na Casa Diocesana - Seminário de Vilar.

“É preciso garantir que os participantes saem daqui com novas capacidades e conhecimentos”, afirma a fotógrafa, enumerando a fotografia de rua, a fotografia documental, a fotografia analógica, a criatividade e a luz como temas desta primeira edição.

“A diferença entre o workshop e a masterclass é a duração e o nível de interacção com os fotógrafos responsáveis”, explica a organizadora do festival, Anna Gunn. A fotógrafa inglesa considera que os workshops têm uma vertente “mãos-na-massa”, dando o exemplo da oficina de John Stanmeyer que tem a duração de sete dias, onde o fotógrafo vencedor da World Press Photo of the Year 2014 vai ensinar como se podem contar histórias sobre o Porto através de imagens. Já as masterclasses têm a duração de duas horas.  

Apesar da organização ainda não saber o número de participantes do primeiro Porto Photo Fest, Anna Gunn garante que ainda há vagas, até porque as inscrições só irão encerrar algumas horas antes do início do festival. Cada workshop pode ter até 15 participantes, enquanto que nas masterclasses podem chegar aos 290.

Quanto à nacionalidade, a organizadora afirma que os inscritos nos workshops são maioritariamente estrangeiros. Contudo, nas masterclasses a realidade é outra. Como foram “pensadas para as pessoas da cidade, por ser algo em que qualquer um podia participar depois de um dia de trabalho”, a maioria dos participantes são residentes do Porto e arredores.

Um festival internacional

“Há uns anos organizamos uma experiência fotográfica aqui no Porto, com 10 fotógrafos internacionais. Fomos para dentro de edifícios emblemáticos, mas senti que faltava algo”, começou por dizer Anna Gunn, que há cerca de oito anos veio viver para o Porto. A organizadora do Porto Photo Fest, na altura, considerou “injusto grandes fotógrafos” irem para o Dubai, Estados Unidos, Reino Unido e Veneza e não virem para o Porto. Foi assim que se decidiu a trazê-los para cá. Escolheu dois critérios: “serem profissionais reconhecidos mundialmente e já terem ensinado antes”, garante. A partir daí, foi só fazer uns telefonemas e “não foi preciso muito esforço” para convencer os fotógrafos, até porque a melhor publicidade feita à cidade foi a nomeação de melhor destino europeu 2017, admite.

À medida que a ideia do festival se foi formando, Anna Gunn foi “à maioria das universidades com cursos de arte e fotografia”, bem como outros relacionados com a criatividade, para tentar perceber se um festival de fotografia iria ser bem recebido na cidade. “Aderiram completamente”, confessa, explicando que quando procurou parceiros institucionais a reacção foi a mesma. O festival conta com o apoio do CPF, da escola artística e profissional Árvore, do Instituto Português da Fotografia, do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto e da Porto Lazer.  

“A cidade tem crescido a olhos vistos nos últimos anos e ter o Porto documentado e fotografado por estes fotógrafos é um ponto de viragem para a cidade”, afirma Anna Gunn, comparando com o mesmo fenómeno que aconteceu em Paris. “Eu lembro-me da altura em que aprendi sobre a história da Europa, e como as pessoas se juntavam nos cafés a discutir sobre filosofia, política, arte”, recorda a fotógrafa, admitindo que quer voltar a ver essas discussões, começando pela imaginação, “que é fundamental quer se seja um cientista, um homem de negócios ou um fotógrafo".

Texto editado por Ana Fernandes

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