É de cair a placa!

Cidade catalã propõe a retirada e mudança de placas de ruas ou monumentos que estejam associadas nomes da cultura espanhola

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REUTERS/ALBERT GEA

Antonio Machado: poeta espanhol, um dos maiores nomes da poesia modernista espanhola. Francisco Goya: pintor espanhol e uma das referências da pintura moderna da cultura europeia. Pedro Calderón de la Barca: dramaturgo espanhol e considerado um dos maiores escritores de peças de teatro da literatura mundial. O que têm os três em comum? Figuras importantes da cultura espanhola? Sim. Nomes incontornáveis das artes espanholas a nível mundial? Também, mas sobretudo fazem parte da lista negra de uma cidade espanhola, mais concretamente Sabadell, localizada na Catalunha.

Esta lista criada por um historiador a pedido do Governo local, propõe a retirada e mudança de placas de ruas ou monumentos que estejam associadas a um destes nomes da cultura espanhola anteriormente referidos. A tal lista negra é vasta e inclui o nome de diversas personalidades da cultura espanhola, desde escritores a pintores. O motivo? São consideradas figuras “espanholistas e anti-catalanistas”. Impossível? Não, desde que existe desde 2007 a polémica Lei da Memória Histórica.

Num país ainda com profundas marcas do fascismo de Franco, esta lei previa que as ruas e praças com referências a figuras desta época teriam de mudar de nome. No entanto, desde que Mariano Rajoy chegou ao poder reviu a mesma, tendo reduzido os apoios e financiamentos do estado para todo o tipo de atividades e processos associados a esta lei. Apesar disto, foi com base nesta mesma lei que esta proposta foi feita na cidade espanhola.

Considerados “hostis à língua, cultura e nação catalã” e exemplos do “modelo pseudocultural franquista”, sendo sugerido que sejam renomeadas as placas das ruas com o nome destas figuras, bem como que se procedam a alterações em monumentos alusivos aos mesmos.

Como seria de esperar a polémica rebentou no país vizinho, tendo sido necessário o presidente da Câmara de Sabadell, Maties Serracant, e um dos responsáveis por ter pedido este estudo ao historiador, ter vindo a público serenar os ânimos, indicando que estas sugestões não eram definitivas e que, por exemplo, a praça em homenagem a Antonio Machado, não será alterada.

Com o aproximar do referendo da independência, dia 1 de outubro, esta é apenas mais uma das manifestações da tensão existente entre a Catalunha e o Governo Central de Madrid. Os termos “espanholista” ou “anti-catalão” são palavras cada vez mais presentes no vocabulário do país vizinho, acabando por levar a situações de exagero, como esta em que se associa e correlaciona nomes maiores e importantes da história e cultura espanhola, a um período negro da história do país, como o franquismo. Resta agora saber o que vão responder os catalães à pergunta: “Quer que a Catalunha seja um Estado independente em forma de república?" 

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