Galamba sobre Rangel: PSD "está entregue a esta indignidade"

O porta-voz socialista diz que o PSD "devia ter vergonha" de fazer uma "instrumentalização" da tragédia de Pedrógão Grande. Paulo Rangel relacionou "cortes" em funções do Estado com mortes de pessoas.

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Nuno Ferreira Santos

O deputado socialista João Galamba convocou esta tarde uma conferência de imprensa apenas para responder às palavras de Paulo Rangel, que nesta sexta-feira de manhã acusou o Governo de "deteriorar o Estado" com "cortes brutais" que já causaram vítimas - "e não foram poucas". Uma afirmação que para o socialista "é inaceitável", "uma mentira" e que se reveste de uma "indignidade".

"O desespero não justifica tudo. Infelizmente temos o maior partido da oposição entregue a esta indignidade", disse João Galamba. O deputado desmentiu que o Governo tenha feito cortes nas áreas da Saúde, Educação e Protecção Civil.

"A universidade de Verão do PSD está-se a especializar em ensinar factos alternativos", começou por dizer. Referindo-se às palavras de Paulo Rangel, Galamba considerou ser "inaceitável". O que Paulo Rangel disse é mentira". "É falso", disse, que o Governo tenha feito cortes. "Não há nenhum corte. Os orçamentos [da Saúde, Educação e Protecção Civil] foram reforçados quer em meios quer em instrumentos financeiros", argumentou, repetindo por várias vezes que as palavras de Paulo Rangel "são uma mentira" e são "falsos".

Estas declarações de Rangel estão na linha, disse Galamba, daquilo que tem sido uma "instrumentalização de uma tragédia " por parte do PSD que se tem servido do que aconteceu para "a luta de baixa política". "O PSD devia ter vergonha por insistir neste discurso que temos ouvido nos últimos dois meses. O PSD tenta desesperadamente tirar dividendos desta tragédia", referiu, lembrando a declarações de Passos Coelho sobre a existência de suicídios em Pedrógão Grande – que não se verificaram – ou da "lista escondida" de mortes.

Questionado sobre o papel do Governo, Galamba defendeu-se, dizendo que "não há dois beligerantes" neste caso e que "o PSD é o único partido que tem tentado tirar dividendos".

Tudo começou porque o eurodeputado do PSD acusou esta sexta-feira o Governo de "dar com uma mão e tirar com a outra" ao promover aumentos dos rendimentos e ao mesmo tempo cortando em áreas chave do Estado como a Saúde, a Educação, a segurança e a Protecção Civil. Na Universidade de Verão do PSD, Paulo Rangel disse, citado pela Lusa: "O que lamento é que, para cumprirmos as metas europeias e criar a tal ilusão do estado salarial, tenhamos criado condições de deterioração, de degradação dos nossos serviços públicos essenciais que já causaram vítimas e não foram poucas, é isto que eu lamento".

Não é a primeira vez que o PSD levanta questões sobre a qualidade dos serviços públicos,  nomeadamente por causa das cativações que o Governo fez o ano passado em alguns serviços, e os relaciona com as mortes ocorridas em Pedrógão Grande. Nem é a primeira vez que um responsável do partido faz uma relação directa entre essas cativações – que o PSD chama de "cortes" e o PS insiste a dizer que não o são – e as mortes que aconteceram. No Parlamento, no início de Julho, o vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, António Leitão Amaro, disse directamente que os portugueses “pagaram” essas cativações “nas suas vidas e com as suas vidas”.

Aliás, a existência de dúvidas sobre se as cativações afectaram ou não os serviços básicos de Protecção Civil, incluindo no SIRESP, foi uma das questões levantadas na sequência da tragédia. Na altura, a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, garantiu que o serviço não foi alvo de cativações. “No âmbito dos projectos associados à melhoria do funcionamento da rede SIRESP, da responsabilidade do MAI, importa referir que nenhum deles foi afectado por cativações”.

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