Oito Autarquias defendem ligação de Coimbra para Viseu a Sul do Mondego

Autarcas entregam à Infraestruturas de Portugal documento a fundamentar traçado para a Via dos Duques, apontada como alternativa ao IP3,

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Autarcas lembram que as empresas da região estão a ser prejudicadas por falta de acessos Sérgio Azenha

A auto-estrada que vai ligar as capitais dos distritos de Coimbra e Viseu deve passar a Sul do rio Mondego, entendem oito autarquias de Coimbra. A Via dos Duques, actualmente em fase de estudo, vai servir como alternativa ao IP3, actualmente o único trajecto directo a ligar as duas cidades.

Os presidentes de Vila Nova de Poiares, Penela, Góis, Arganil, Oliveira do Hospital, Lousã e Miranda do Corvo assinaram esta semana um documento a fundamentar a “Alternativa Sul”, para o entregar à Infraestruturas de Portugal (IP). O autarca de Pampilhosa da Serra não esteve presente na reunião em que o documento foi assinado mas subscreve o texto que aponta aquele traçado como “a melhor solução” para a ligação entre Coimbra e Viseu.

Segundo oito dos 17 municípios de Coimbra, a alternativa que liga Ceira, nos arredores de Coimbra, a Santa Comba Dão, já no distrito de Viseu, é mais curta, tem um menor impacto ambiental, ajuda à viabilidade da A13, evita redundâncias, e permite uma ligação directo ao nó do IC6, já na zona da albufeira da Aguieira. O autarca de Vila Nova de Poiares, João Miguel Henriques, defende que, se o objectivo da Via dos Duques é encurtar distâncias, a “Alternativa Sul” oferece um trajecto mais pequeno.

Esta solução implicaria uma ligação à A13 a partir de Coimbra, o que facilitaria a viabilidade desta auto-estrada. O autarca entende que a melhor forma de suprir a “falta de utilização” daquela via é encaminhar trânsito através da ligação com Viseu. Uma eventual ligação a Norte do Mondego teria “um enorme impacto negativo na Mata do Buçaco”, lê-se no documento. A sua alternativa, apontam, pressupõe um “afastamento das povoações, não identificando nenhuma implicação negativa ou condicionamento” em termos de “ordenamento urbanístico local e ambiental”.

Os oito municípios colocam também a tónica na coesão territorial. “Não faz sentido que tenhamos estruturas portajadas e não portajadas a circular paralelamente e a dar resposta aos mesmo utilizadores”, afirmou o autarca de Poiares, numa alusão ao IP3 e a uma auto-estrada que fosse construída a Norte do Mondego. Há ainda territórios que “estão minimamente servidos” e outros que não.

O autarca de Oliveira do Hospital, José Carlos Mendes, destacou ainda que as empresas desta zona do distrito estão em pé de igualdade com outras regiões do país, estando prejudicadas nas acessibilidades. O responsável defende que se deve ir além da entrega do documento, pedindo audiências à IP, ao Ministério do Planeamento e Infraestruturas e ao Presidente da República.

A Infraestruturas de Portugal referiu, através do gabinete de comunicação, que a fase de estudos será concluída no decorrer de 2018. “Está a decorrer a fase de estudo prévia e de contributos”. Ou seja, a IP reuniu com todos os municípios envolvidos nas propostas de traçado em consideração e está agora a receber contributos. “Estamos na fase de estudo prévio que integra também o estudo de impacte ambiental. Isto é um processo moroso”, fez saber a entidade.

A “Alternativa Sul” não atravessa todos os municípios que marcaram presença na conferência de imprensa que teve lugar na Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares, como é o caso de Penela. No entanto, o presidente da autarquia, Luís Matias, sublinhou que a escolha do traçado não lhe é “indiferente”. “Penela será mais competitiva quanto mais competitiva for a região”, sustentou, referindo que a escolha de trajectos é uma “decisão politica que deve ser vista como correcção de assimetrias”.

Questionado pelos jornalistas sobre outros municípios do distrito de Coimbra, João Miguel Henriques explicou que foram abordadas mais autarquias, mas estas ou defendem uma solução diferente ou optaram por não tomar posição. Dos autarcas presentes, apenas um (Arganil, por limitação de mandatos), não é candidato à reeleição. 

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