Cartas ao director

Ajuda alimentar da UE

Há dias o Público divulgou a noticia que finalmente (?) vai chegar a Portugal uma ajuda alimentar da União Europeia (UE). É um assunto complexo que vai levar algum tempo a ser apreendida e até aceite.

Mas já há alguns reparos a fazer: porque vêm alimentos de fora e não são aproveitados o que são produzidos em Portugal? Porque não se apoia a produção nacional que têm características próprias para o nosso ADN? E os produtos congelados como são transportados e como serão conservados cá? Estaremos mesmo com escassez de produção? Não seria mais sensato desenvolver a nossa produção?

Sabemos que há fome em Portugal mas uma parte desse problema é causado pela falta de empregos fixos e pelos muito baixos salários praticados. Muitos de nós continuamos a não aceitar a ingerência que continuamos a sofrer.

Maria Clotilde Moreira, Rio Maior

O saber engagé

O Público de 28 de Agosto inclui um artigo assaz curioso do Prof. Pita Barros que, logo no título, interroga: o que queremos? Sem duvidar da qualidade da dissertação e do saber do autor, pareceu-me que se limita a assinalar a grande importância alegadamente dada à redistribuição de rendimentos, desvalorizando-se, em contrapartida, a necessidade de discutir melhorias da produtividade. Concede que, havendo mais receitas fiscais, concomitantemente com menos despesas públicas (em apoios sociais), se pode fazer mais redistribuição. Era o que mais havia de faltar que alguém dissesse o contrário!

No resto, somos conduzidos à sacramental ideia de que, para redistribuir, é preciso, antes, produzir mais. Nada de mais populista. Redistribuir é, por decorrência gramatical, distribuir de novo, fazer “outra” distribuição. De quê? Do que já existe e já foi produzido, que não estamos a iniciar a vida e o mundo. E quase concordo com o autor: “quando se fala em redistribuição, haverá um grupo claro que beneficia”; mas que me seja permitido acrescentar que, quando não se fala dela, há um “outro” grupo a beneficiar. Ou não? Se nos ficarmos pelos ganhos na produtividade, bem sabemos quem, sistematicamente, se apropria deles.

José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia

Angola e as eleições

Com o intervalo de 38 anos, realizam-se agora as eleições para a Presidência da República, que se destacam do acto eleitoral, uma Presidência ocupada por José Eduardo Santos ao longo desse período. Sem que a comunidade internacional se tivesse preocupado com a continuidade do consulado de José Eduardo Santos, diferentemente do que acontece com outros países, quando o poder político governativo se perpectua no tempo, com ou sem alterações constitucionais.

É que o olhar sobre um país rico, com matérias primas e produzindo petróleo, não é o mesmo sobre os países que não têm riquezas ou muitas riquezas para exportar.

Enquanto não se toleram desvios nestes países, relativamente ao exercício do poder político governativo, fecharam-se os olhos sobre países, como Angola, que são importantes para satisfazer as necessidades da comunidade internacional. Passaram, deste modo, 38 anos sem se apontar o dedo à situação politica em Angola. Seria assim com, por exemplo, Cabo Verde, que é um país pobre? Ou seria outra reacção?

E o resultado do acto eleitoral em Angola parece confirmar a vitória do MPLA, com o sentido da continuidade da política e da governação.

Guilherme Fonseca, Lisboa 

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