Aprovada a primeira terapia genética nos EUA

Tratamento é destinado a combater a leucemia linfóide aguda e custa 395 mil euros.

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Reuters/STEFAN WERMUTH/Arquivo

Um tratamento inovador para a leucemia, que modifica o ADN das células do sistema imunitário do próprio doente para matar as células cancerosas, pode ser agora comercializado nos Estados Unidos. A agência que vigia os medicamentos e os alimentos nos EUA (Food and Drug Administration, FDA na sigla original) aprovou esta quarta-feira o tratamento, chamado Kymriah. É a primeira terapia genética aprovada naquele país.

A terapia consiste na utilização das células do sistema imunitário, mais precisamente os linfócitos T, presentes no corpo do próprio doente. Estas células são retiradas do doente e enviadas para um laboratório para serem geneticamente modificadas com o auxílio de um vírus. As células ganham informação genética que lhes permite detectar e matar as células cancerosas. Depois, as células são reintroduzidas no organismo do doente, passando a ter a capacidade de reconhecer e matar a fonte da doença.

Esta terapia será usada especificamente para a leucemia linfóide aguda - um tipo de leucemia que ocorre na medula óssea e em que as células cancerosas são as precursoras das células do sistema imunitário. A doença ocorre principalmente em crianças. A maioria dos doentes são curados com quimioterapia ou radioterapia, mas quando há recaídas normalmente não há cura para. 

Por isso, só se recorre à nova terapia se os primeiros tratamentos não tiverem sucesso.Os ensaios clínicos da nova terapia mostram que 79% das pessoas tratadas sobrevivem mais um ano, e a maioria não tem nenhuma recaída, adianta a CNN.

“A FDA emitiu uma acção história disponibilizando a primeira terapia genética nos Estados Unidos, inaugurando uma nova abordagem no tratamento do cancro e outras doenças sérias e possivelmente mortais”, anunciou a agência em comunicado. “A FDA aprovou o Kymriah para certos doentes pediátricos e jovens adultos com uma forma de leucemia linfoblástica aguda”.

O comissário da FDA, Scotti Gottlieb, destaca também no mesmo comunicado o passo histórico dado pela agência norte-americana: “Estamos a entrar numa nova frente da inovação médica com a capacidade de reprogramar as células do próprio paciente para atacar um cancro mortal.”

Stpehan Grupp, director de imunoterapia oncológica do Hospital Pediátrico de Filadélfia, que liderou esta investigação, diz que isto é algo nunca visto no tratamento do cancro: “Nós nunca vimos nada como isto anteriormente e acredito que esta terapia pode tornar-se o novo padrão de cuidados para esta população de pacientes”.

A FDA avisa ainda que os hospitais e clínicas que queiram colocar em prática o procedimento devem possuir um certificado para o efeito. Isto porque o tratamento pode originar uma reacção do sistema imunitário que faz diminuir excessivamente a pressão sanguínea podendo matar o doente. Ora, as instituições que queiram utilizar o Kymriah terão de estar preparadas para responder rapidamente a este efeito secundário.

A Novartis, farmacêutica responsável pelo Kymriah, revelou ainda que o preço base deste tratamento situa-se nos 475 mil dólares (mais de 395 mil euros) mas os pacientes que não melhorarem no primeiro mês após o tratamento ficarão isentos de qualquer custo. A empresa terá de continuar a realizar estudos para garantir a segurança do Kymriah a longo prazo.

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