Novo disparo de míssil mostra que a Coreia do Norte "não está a fazer bluff"

Washington, Moscovo, Seul e Tóquio assinalam rápido avanço do programa de armamento norte-coreano.

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O novo ensaio de um míssil levado a cabo na madrugada desta terça-feira (ainda 22h de segunda-feira em Lisboa) é o mais “sério” e alarmante de que há memória, dizem os especialistas. O míssil balístico foi disparado a partir da região do Sunan, junto à capital Pyongyang, e percorreu 2700 quilómetros, atingindo 550 quilómetros de altitude e sobrovoando o norte do Japão. É já o terceiro projéctil norte-coreano a cruzar o território nipónico, mas é o primeiro que tem capacidade nuclear. Por este motivo, foi convocada uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas para a tarde desta terça-feira.

O teste desta noite sublinha ainda o avanço rápido, muito acima das previsões dos observadores externos, do programa de armamento norte-coreano. O míssil disparado, que se crê ser um Hwasong-12 de médio alcance, corresponde ao modelo com que a Coreia do Norte ameaçou atingir Guam. O ensaio é por isso considerado como "a mais séria ameaça" feita pelo regime de Kim Jong-un pelo antigo negociador norte-americano para a Coreia do Norte, Christopher R. Hill, citado pela BBC.

O mesmo diagnóstico sai de Moscovo. Esta manhã, o líder do Comité para as Relações Internacionais da Câmara Alta do Parlamento russo, Konstatin Kosachev, sublinhou que a nova demonstração de força prova que “infelizmente”, as "ameaças [de Pyongyang] à base norte-americana de Guam não são bluff”.

Para Robert Kelly, professor de Ciência Política na Universidade Nacional de Pusan na Coreia do Sul, a opção de lançar um míssil sobre o território do Japão, e não sobre o território norte-americano de Guam, é uma demonstração de força mas também uma forma de não elevar demasiado a pressão sobre Donald Trump, que de outro modo poderia ser levado a reagir, diz o especialista à BBC. No início de Agosto, recorde-se, a Coreia do Norte anunciou que ponderava disparar um míssil em direcção a águas próximas de Guam. Na altura, o Presidente dos Estados Unidos declarou que as ameaças de Pyonyang arriscavam ter como resposta “fogo e fúria como o mundo nunca viu”.

Em Genebra, onde decorre uma sessão da Conferência das Nações Unidas para o Desarmamento, surgiu uma primeira reacção norte-americana ao teste desta noite. "Esta é uma nova provocação da Coreia do Norte. Não param. É uma grande preocupação para o meu Governo e para vários outros governos”, declarou Robert Wood, representante dos EUA na conferência.

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O regime de Kim Jong-un, no entanto, defende o ensaio militar. O embaixador norte-coreano nas Nações Unidas afirma que o paíse tem “todas as razões” para responder com “fortes contramedidas” ao que diz serem as "intenções hostis [dos EUA] em relação à República Popular Democrática da Coreia, apontando para os exercícios militares conjuntos levados a cabo por Washington e pela Coreia do Sul, "apesar dos repetidos avisos" de Pyongyang.

"O meu país tem todas as razões para responder com contramedidas num exercício pelo direito de defesa”, afirmou o diplomata Han Tae Song.

No contexto dos referidos exercícios militares, há muito agendados, a Força Aérea sul-coreana lançou esta manhã de terça-feira oito bombas MK 84 a partir de quatro aviões F-15K na província de Gangwon, avança a CNN. “O exercício confirmou que a Força Aérea da Coreia do Sul tem capacidades para destruir a liderança do inimigo em caso de emergência”, declarou fonte do Ministério da Defesa sul-coreano.

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