Depois do fogo pedem-se medidas preventivas para Douro Internacional

"Só restam as cinzas. É muito desolador ver que a paisagem sofreu muito com a investida das chamas”, diz morador.

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Rui Farinha / NFactos

Autarca, associações e população de Picote, no concelho de Miranda do Douro, reclamam medidas preventivas e não restritivas para evitar incêndios de grandes dimensões na área protegida do Parque Natural do Douro Internacional.

O coro de protestos ganhou outra dimensão após o incêndio que deflagrou no sábado em pleno parque natural, e que deixou marcas profundas no ecossistema, na agricultura e na paisagem. "Só restam as cinzas. É muito desolador ver que a paisagem sofreu muito com a investida das chamas um pouco por todas as arribas do Douro, quer do lado português, que do lado espanhol", observa um dos moradores de Picote. Diogo Rodrigues diz ter ficado "desolado" quando se aproximou da zona do miradouro da Fraga do Puio e viu oliveiras centenárias devastadas pelas chamas e a paisagem protegida pintada de negro.

Junto a um dos cafés da aldeia trasmontana, a conversa faz-se em torno dos maus momentos vividos pela população do Barrocal do Douro, que chegou a ficar isolada, e da perda de um valor natural tão importante na região do Douro Internacional como é a paisagem, ouvindo-se também críticas à falta de uma acção concertada para ordenar este território protegido.

Alzira Ferreira, outra habitante de Picote, lembra-se como "gostava de olhar para aquela paisagem do miradouro do Puio". E lamenta como "agora ficou uma ferida muito grande na paisagem".

"As entidades responsáveis pela gestão do parque natural não compreendem que não é com medidas restritivas, como as que são aplicadas, que vão preservar a natureza", diz um agricultor, António Preto.

Para o Presidente da Câmara de Miranda do Douro, Artur Nunes, é preciso discutir o plano de ordenamento das áreas protegidas. E os municípios ainda não foram consultados. "Este plano deveria ser discutido com os quatro municípios que fazem parte das áreas do parque natural e daí sair um documento que fosse de encontro aos anseios das populações que aqui trabalham", enfatiza.

O autarca reclama a presença de equipas permanentes de sapadores florestais, a fim de evitar mais danos na paisagem e na agricultura. "Continuamos a reivindicar a abertura de novos caminhos e a abertura de pontos de água, e estamos a ser muito limitados por parte do plano de ordenamento em vigor", indica.

Para o presidente da Frauga - Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote, Jorge Lourenço, os momentos foram difíceis, mas agora é hora de apoiar e dar ânimo às pessoas. "Temos também que estar atentos ao que é preciso fazer do ponto de vista do turismo, da agricultura, da biodiversidade e da caça, chamando a atenção das entidades competentes para esta realidade", destaca. 

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