Macron é cada vez mais impopular em França

À entrada da semana em que será apresentada a sua aguardada reforma laboral, a taxa de aprovação do Presidente francês caiu para 40%.

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Três meses depois da eleição, o tempo é de preocupação para Macron Reuters/STOYAN NENOV

Em Junho, um mês depois de ser eleito Presidente francês, Emmanuel Macron sorria: 64% dos franceses aprovavam a sua prestação no mais alto cargo da nação. Em Julho, Macron sorria um pouco menos: a taxa de aprovação baixara para 54%. Em Agosto, não há razões para sorrir, apenas para fechar o rosto com preocupação: apenas 40% dos franceses aprovam a sua presidência. Os resultados, publicados no Journal de Dimanche, após uma sondagem conduzida pela empresa de pesquisas Ifop, surgem no final de uma semana em que a imagem de Macron foi maculada pela revelação de gastos com maquilhagem, nos últimos três meses, de 26 mil euros, e são divulgados num momento em que se aguarda a apresentação da reforma laboral que o governo francês se comprometeu a fazer até ao final do mês.

Macron, o candidato que conteve nas urnas a ascensão da extrema-direita representada por Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, tem sido criticado pelo estilo presidencialista distante da população e dado a encenações de poder de cariz próximo do imperial, postura que, decididamente, não parece ser do agrado da população francesa, qualquer que seja a sua idade ou simpatia política. A sondagem agora revelada mostra que, neste momento, há mais franceses descontentes que agradados com a sua presidência, e que tal sentimento é transversal: a queda de popularidade regista-se tanto entre a juventude como junto dos mais idosos, estende-se das classes altas às classes baixas, da esquerda à direita. É a maior queda de sempre na popularidade de um Presidente francês desde 1995, quando Jacques Chirac viu a sua popularidade diminuir vinte pontos percentuais entre Maio e Agosto. Também o primeiro-ministro Édouard Phillipe é atingido pela impopularidade de Macron – a sua taxa de aprovação ultrapassa a de descontentamento por meros 2% (47%/45%).

Jean-Luc Mélenchon, a voz da esquerda, líder do França Insubmissa, que a sondagem dá como o melhor rosto da oposição ao Presidente (consideram-no 59% dos inquiridos), anunciou para 23 de Setembro a realização de uma manifestação contra aquilo que considera o “golpe de Estado social” em preparação pelo executivo. Atacado à esquerda pelas reformas laborais cujo anúncio se aguarda para esta semana, e à direita pela política em relação à imigração, por exemplo, Macron não está a ter um mandato fácil. Christophe Castaner, porta-voz do Governo, reconhece as dificuldades por que passa o executivo, mas reforça que não serão as sondagens a fazer o Governo mudar de rumo. “Estamos aqui para transformar o país, o país necessita que assumamos riscos e é o que estamos a fazer”, afirmou este domingo à BFM TV. 

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