Índia mobiliza milhares de polícias de choque para leitura da sentença do "guru do bling"

Ram Rahim Singh
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Milhares de polícias de choque estão a ser mobilizados para dois estados do noroeste da Índia, Haryana e Punjab, nas vésperas da leitura da sentença do líder espiritual de uma seita que foi considerado culpado da violação de duas mulheres. Quando foi conhecido o veredicto, na sexta-feira, os seguidores de Ram Rahim Singh saíram à rua em protesto e 38 pessoas morreram - dezenas de milhares permenecem nas ruas.

A seita liderada por Ram Rahim Singh – conhecido como "guru do bling" pelo seu estilo extravagente e por usar roupa muito brilhante –, a Dera Sacha Sauda, tem a sua base de apoio sobretudo nas zonas rurais de Haryana (onde é a sede) e no Punjab. Foi ali que multidões enraivecidas queimaram bombas de gasolina, comboios e veículos.

A polícia de choque e o exército foram mobilizados para tentarem controlar a multidão, sem sucesso. Pelo menos 38 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas em Haryana, segundo os dados oficiais. As autoridades dos dois estados (ambos governados pelo nacionalista hindu Bharatiya Janata Party do primeiro-ministro Narendra Modi) estão a ser duramente criticadas pela forma como trataram este julgamento.

O caso também expõe o fascínio da Índia rural com os líderes espirituais (gurus), que têm grande protecção política devido à sua habilidade em mobilizar milhões de seguidores frustrados com o Estado.

A segurança foi fortemente reforçada junto à prisão de Rohtak (a 70 km de Nova Deli), onde o guru está detido.

O juiz que condenou Singh vai realizar uma conferência de imprensa na segunda-feira (às nove da manhã em Portugal Continental) para anunciar a sentença – o guru não voltará à cidade de Panchkula (Haryana), uma decisão tomada pelas autoridades que tentam evitar que mais gente saia à rua (na sexta-feira, 200 mil cercaram o tribunal) e se repita a violência de sexta-feira.

Singh foi julgado pela violação de duas mulheres, em 2002. A pena mínima a que pode ser condenado são sete anos de prisão.

A cidade de Sirsa, onde está a sede da seita, em cujo interior está um número não determinado de pessoas, foi "encerrada" por ordem do governador.

"Estamos totalmente preparados, temos um plano de emergência", disseram as autoridades locais especificando que dez mil polícias vão patrulhar Haryana no momento da leitura da sentença.

No vizinho Punjab, onde a violência foi mais esporádica, foram mobilizados oito mil polícias, as manifestações foram proibidas e a Internet foi bloqueada até terça-feira, para evitar que os seguidores do guru se organizem para realizar protestos públicos.

 

 

 

 

 

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