Morreu Tobe Hooper, o realizador de Massacre no Texas

Cineasta desaparece aos 74 anos, deixando uma carreira discreta lançada por um dos mais controversos filmes de terror de sempre.

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ENRIC VIVES-RUBIO

Tobe Hooper, o realizador de Massacre no Texas e de Poltergeist, morreu este sábado aos 74 anos, em Sherman Oaks, na Califórnia. As circunstâncias da sua morte não foram para já avançadas. É uma das figuras fulcrais do cinema de género americano dos anos 1970 e 1980 que desaparece, e um dos pilares de uma geração que, vinda da produção independente, revolucionou o cinema de terror para os nossos dias. Deve-se a Hooper um dos “monstros” mais duradouros do género – Leatherface, o canibal rural que esconde o seu rosto atrás de uma máscara feita de pele humana.

Leatherface era uma das personagens do célebre Massacre no Texas (1974), história de um grupo de jovens que se deixa atrair para o antro de uma família de canibais. Na altura promovido como uma história verídica, era na verdade uma ficção inspirada no caso do assassino em série Ed Gein e tornou-se num dos mais controversos e transgressores filmes de terror americanos de sempre, com a sua exibição a ser interditada em vários países (em Inglaterra, o British Board of Film Classification recusou-se a classificar o filme para exibição comercial até 1998). Mas do filme original surgiriam pelo menos três sequelas e dois remakes. 

Este filme-Z feito por tuta e meia tinha como actores alunos e colegas de Hooper, que era professor universitário e tinha experiência de realizador e operador de câmara em documentários. A popularidade de Massacre no Texas acabaria por acantonar Hooper no cinema de género. Em entrevista ao PÚBLICO em 2013, quando esteve em Portugal para ser homenageado e dar uma masterclass no festival MOTELX, confessava que gostaria de ter feito outro tipo de filmes, mas que as circunstâncias acabaram por não o permitir: “Pelo menos tenho jeito para o cinema de terror."

Contemporâneo de John Carpenter, Wes Craven ou do recentemente falecido George Romero, Hooper acabaria por ter uma das carreiras mais atribuladas da sua geração. Depois de Massacre no Texas, assinou um dos seus filmes preferidos e um dos seus trabalhos mais aclamados, Salem’s Lot (1979), uma mini-série de prestígio de quatro horas adaptando o romance de Stephen King A Hora do Vampiro. O seu “pico” comercial foi atingido em 1982 com Poltergeist – O Fenómeno, sobre uma família cuja casa suburbana está assombrada por presenças sobrenaturais; o filme foi produzido e co-escrito por Steven Spielberg, com quem voltaria a trabalhar na série televisiva Contos Assombrosos.

No entanto, a maioria da sua obra (15 longas-metragens para cinema ao todo) ficou restrita ao circuito dos conhecedores do género. Um contrato com a Cannon Films de Menahem Golan em meados dos anos 1980 resultou em As Forças do Universo (1985), Invasores de Marte (1986) e a primeira sequela de Massacre no Texas, mas nenhum destes filmes relançou a sua carreira. Hooper passaria a alternar trabalhos regulares na televisão (em séries como Tales from the Crypt, Taken ou mais recentemente Masters of Horror) com longas-metragens de série B ou directas a vídeo como Combustão Espontânea (1990), The Mangler (1995) ou O Edifício Lusman (2003). O seu último filme, Djinn, foi rodado em 2011 nos Emirados Árabes Unidos mas, preso em litígios legais, acabou por nunca se estrear comercialmente; nesse mesmo ano, publicaria ainda o romance Midnight Movie, escrito com Alan Goldsher.

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